Uma das situações mais perigosas é quando o motorista perde o controle do carro ao contornar uma curva. Para evitar que acontecimentos desse tipo resultem em acidentes, todos os automóveis novos lançados no mercado nacional a partir de 2020 têm de sair de fábrica com o controle eletrônico de estabilidade, popularmente conhecido como ESC ou ESP (Electronic Stability Control ou Program).
Mas como esse importante sistema funciona? Ele é o mesmo que controle eletrônico de tração? Quem responde essas e outras questões é Michel Braghetto, gerente de marketing das divisões de sistemas de controle de chassi e de soluções de computação de domínio cruzado da Bosch.
“Controle Eletrônico de Estabilidade é diferente do Controle Eletrônico de Tração, eles têm funções totalmente distintas, embora utilizem o mesmo hardware”, afirma. “Assim, o módulo do ESC é o responsável por controlar a estabilidade e também a tração do veículo”, acrescenta.
Segundo Braghetto, o controle de tração (também conhecido pelas siglas TCS, de Traction Control System, ou ASR, de Anti Slip Regulation) atua, basicamente, impedindo que as rodas que tracionam o automóvel patinem durante as acelerações.
Assim, ao arrancar em um semáforo em uma rua com aclive acentuado, por exemplo, o programa não deixará que o carro perca a tração, desgaste os pneus e desperdice combustível. E o mais importante: ajudará o condutor a manter o controle do veículo.
Outra situação na qual o controle de tração é importante é quando você está parado no acostamento e precisa fazer uma conversão.
Normalmente, os acostamentos das estradas têm areia, terra ou poeira em excesso, mas você precisa acelerar e arrancar com rapidez, por questão de segurança. O controle de tração ajuda a evitar derrapagens e também a manter a dirigibilidade do veículo durante a manobra.
Já o Controle Eletrônico de Estabilidade, de acordo com Michel Braghetto, é um módulo bem mais complexo e importante para manter a segurança do veículo e de seus ocupantes.
O sistema conta com sensores na caixa de direção e de aceleração longitudinal e lateral da carroceria – além dos que medem a velocidade das rodas, também usados pelo ABS – para controlar o veículo.
Mais: o módulo do ESC “conversa” com a central eletrônica do motor para que seja enviada mais ou menos potência para as rodas, quando necessário. Em suma, o controle de estabilidade é capaz de frear e de acelerar cada uma das rodas do automóvel a fim de garantir que o carro contorne as curvas com segurança.
“Por meio dos sensores, o módulo analisa o grau de esterçamento da direção, a velocidade das rodas e da carroceria e ‘entende’ que o motorista quer contornar uma curva”, explica Michel Braghetto.
“Se por algum motivo os sensores indicarem que o carro está ultrapassando os limites calculados pelo módulo para que o carro faça a curva com segurança, isso significa que está ocorrendo perda de estabilidade, e a central vai atuar para corrigir a manobra.”
Assim, de acordo com o executivo, se o motorista estiver tentando contornar uma curva para a esquerda e o carro começar a derrapar para a direita, o ESC vai agir automaticamente – e em milésimos de segundo -, freando as rodas do lado esquerdo (de dentro da curva) e acelerando as da direita, fazendo com que o carro aponte novamente para o lado de dentro da curva.
No Brasil, todos os automóveis novos lançados a partir de 2020 já são obrigados a contar com o controle de estabilidade. Os modelos que chegaram ao mercado antes do ano passado, terão de contar com 50% de sua produção com ESC em 2023, e a partir de 2024 todos os automóveis produzidos no País terão que trazer esse importante sistema de segurança como item de série.