Ficou para trás o tempo do kit emergência, em que era possível resolver quase todos os problemas no motor de um carro usando alicate, arame e fita adesiva.
Hoje, os automóveis são muito mais sofisticados e contam com diversos recursos eletrônicos para proporcionar melhor desempenho. Por conta disso, os sistemas ficaram mais complexos, tornando o reparo de um veículo em pane no meio da rua em uma missão quase impossível.
“O melhor que o motorista pode fazer hoje é ter sempre água e um pacote de biscoitos a bordo”, brinca Ricardo Dilser, assessor técnico do grupo Stellantis. “Exceto casos como pneu furado, em que o proprietário usará as ferramentas obrigatórias que já vêm no carro (macaco e chave de roda), não tem muito o que fazer.”
Nem mesmo motoristas com algum conhecimento técnico conseguirão resolver um problema de imediato.
“Não tem mais aquela história de o carro parar porque soltou o fio da bobina, isso não existe atualmente”, diz. “Se o automóvel parar por conta da queima da bomba de combustível, será preciso acessar o interior do tanque para reparar, e ninguém consegue fazer isso no meio da rua.”
O motorista pode – e deve – lembrar de carregar alguns itens a bordo para se precaver em caso de necessidade, como máscaras de proteção extras (ainda estamos em pandemia, lembre-se!), um frasco de álcool em gel reserva e, principalmente, cabo e recarregador de celular. Afinal, será preciso telefonar para o socorro mecânico.
O avanço tecnológico não traz apenas restrições. “O lado positivo é que é muito difícil hoje os carros pararem na rua de repente”, afirma o assessor técnico da Stellantis, lembrando que mesmo os modelos mais simples contam com uma luz de advertência no quadro de instrumentos que indica qualquer anomalia no motor.
“Além disso, o motorista tem intimidade com o veículo e percebe quando algo está errado”, diz. “O condutor sabe a média de consumo de combustível, o comportamento em ladeiras, se surge um barulho diferente na suspensão, etc”.
Esses alertas são emitidos com antecedência. Então, o melhor é procurar rapidamente uma oficina, já que a manutenção preventiva é muito mais barata do que o conserto.
Um exemplo é o barulho na suspensão. O carro pode rodar durante meses com o ruído. “Só que, nesse período, pneus, batentes, buchas, amortecedores e outros serão comprometidos, então, em vez de trocar só uma bucha – que poderia ser a origem do barulho –, o condutor terá de substituir diversos componentes que acabaram afetados”, ressalta Dilser.