Cidades inteligentes e mobilidade são temas do IOT Solutions Congress

Thomás Covello, da Geovista, demonstra como a IoT pode ser usada para mapear buracos nas ruas e outros problemas de mobilidade. Foto: Divulgação

06/06/2024 - Tempo de leitura: 4 minutos, 2 segundos

“Conforme as cidades vão crescendo, começam a ter mais e mais problemas, que exigem soluções cada vez mais inovadoras”. É com essa reflexão que Eduardo Bachmann, representante do Perini City Lab, inicia seu painel no IOT Solutions Congress Brasil 2024.

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O evento, que começou nesta quinta (6/06), na capital paulista, tem como objetivo fomentar o debate sobre tecnologias embarcadas, indústria 4.0, inovação no campo da IoT (ou internet das coisas, na sigla em inglês) e inteligência artificial.

“A IoT pode ajudar a construir sociedades mais justas e sustentáveis”, diz Andrea Urdampilleta, diretora de eventos internacionais da Fira Barcelona. Ao mesmo tempo, Michael Cerqueira, diretor de investimentos da SP Negócios, também enfatiza como essa tecnologia pode significar uma oportunidade. “O que isso representa na nossa vida? São US$ 5.6 trilhões em oportunidades de negócios até 2027 e 12 trilhões de dólares até 2030”, afirma.

Perini City Lab

O Perini City Lab é um parque de inovação que une empresas privadas, recursos governamentais, pesquisadores de universidades e ainda outros atores para permiter o desenvolvimento, teste e a validação de soluções para cidades inteligentes.

Em seu painel, o palestrante Eduardo Bachmann argumenta que “a solução para um ambiente como uma cidade, antes de ser comprada pela esfera pública, precisa ser largamente testada e validada”. No entanto, a gestão pública pode impor certos limites que impedem as soluções inovadoras de serem testadas.

Exemplificando, Bachmann fala sobre os carros autônomos e como “as licenças exigem que eles sejam testados em espaço público, mas esses testes têm inseguranças de legislação e permissão”.

Dessa forma, foi criado um espaço privado para construção e aprimoramento dessas soluções. No Perini City Lab, empreendedores e pesquisadores podem testar seus projetos em estruturas similares a cidades e receber aprovação para implantar as ações em muninípios reais.

Soluções em mobilidade

O Perini City Lab já desenvolveu projetos de mobilidade urbana com o uso de IoT e Inteligência Artificial. Dentre as iniciativas próprias, Bachmann cita a Smart Street. “Transformamos um trecho de rua no City Lab em uma via inteligente, esse pode ainda crescer tanto verticalmente quanto horizontalmente”, diz o executivo.

A rua inteligente está sendo testada e, no futuro, pode ser exportada para o Brasil. “Ela possui câmeras, hardware de processamento e luminárias led programada por fotocelulas. A IA usa esses equipamentos para extrair dados relevantes para o parque na gestão de veículos e segurança”, afirma.

Desde sua criação em 2019, o Perini City Lab já incubou 20 projetos. Dentre eles, Bachmann destaca o Waze Carpool, ferrramenta de compartilhamento de caronas do Waze que não surgiu no parque de inovação, mas foi amplamente testado desde 2019 no espaço antes de ser disponibilizado para a população. “A iniciativa acabou se tornando um case mundial, dada a taxa de utilização” acredita.

Ao mesmo tempo, o parque de inovação também proporcionou espaço para o desenvolvimento de novas empresas, como a GoMoov, companhia de micromobilidade elétrica que permite o compartilhamento de bicicletas e patinetes alugados por app que e com cobrança por minuto de uso.

“Fundada em 2019 no Perini City Lab, a GoMoov foi testada dentro dos limites da incubadora, ganhou validação do poder público e hoje atende 6 cidades catarinenses: Joinville, Jaraguá do Sul, Barra Velha, Pilarras, Penha e Balneário Camburiu”, diz Bachmann.

IoT com foco na mobilidade

Thomás Covello, gerente de projetos da Geovista e também palestrante do evento, falou sobre como a empresa usa IoT para detectar defeitos e analisar a qualidade dos pavimentos de Recife.

“Censores embarcados são adicionados em carros que rodam pelas ruas da cidade e automaticamente detectam buracos e enviam as informações com georreferenciação para o poder público”, explica.

Além de detectar buracos nas ruas, a tecnologia de IoT desenvolvida pela Geovista pode solucionar ainda outros problemas de mobilidade urbana. “Com os censores é possível ver buracos, lombadas, outdoores, pontos de ônibus. Com isso conseguimos tanto encontrar defeitos na cidade quanto fazer o inventário de artigos urbanos”, afirma Covello.

Essas informações podem ser usadas para tornar as políticas de mobilidade urbana de uma cidade mais inteligentes e eficazes. O executivo conta que, com 15 dias de projeto, a prefeitura enviou um mapa de vias que seriam recapeadas.

“Cruzando dados encontramos ruas que tinham trechos com a qualidade do pavimento ruim, mas com trechos bons ou ótimos, esses foram tirados do plano de recape deles, gerando uma economia de recursos”, cita como exemplo Covello.

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