Não é de hoje que as fabricantes vêm treinando seus colaboradores para a nova realidade da eletromobilidade brasileira, com o intuito de que todos estejam preparados para lidar com os veículos elétricos. Essa iniciativa, porém, não está partindo somente da indústria. Hoje, empresas, universidades e instituições também promovem cursos dos aspectos que envolvem a eletrificação dos carros.
O mais recente caso é da GreenV, startup de tecnologias inteligentes em mobilidade elétrica. Ela se prepara para inaugurar, no segundo semestre, a GreenV Academy, centro de ensino online dedicado ao estudo e treinamento da chamada “revolução elétrica”, a fim de disseminar o conhecimento da eletromobilidade no País.
“Há uma inquietação no empreendedor sobre temas como destinação das baterias e instalação de pontos de recarga”, afirma Ariovaldo Miranda Junior, CEO da GreenV. “Quando a gente conversa, por exemplo, com um técnico de oficina, percebemos que ele sabe pouco ou quase nada de eletromobilidade. Existe um campo vasto a explorar, que vai além de como instalar um carregador.”
Serão 17 cursos de formação, que abordarão desde a introdução à mobilidade elétrica até um módulo dedicado à indústria, com uma visão de 360 graus do setor. “Reunimos profissionais que são referência no universo da eletromobilidade. Por que não compartilhar esse conhecimento?”, indaga Miranda. Segundo o executivo, a ação integra um conjunto de investimentos da GreenV, que, no ano passado, recebeu aporte de R$ 22 milhões de um fundo americano.
Com a expertise adquirida no desenvolvimento de cursos online, a GreenV está apta a oferecer trabalhos customizados. Se uma montadora quiser treinar seus funcionários de chão de fábrica ou os executivos, a startup pode preparar módulos específicos, hospedando o material na plataforma da empresa. “Adaptamos o conteúdo de acordo com as necessidades do cliente”, atesta.
Iniciativas parecidas também prosperam na academia. A cada semestre, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) abre uma turma para curso de extensão online de 60 horas, a respeito da mobilidade elétrica. A procura é tanta que a sala de aula virtual reúne 36 pessoas, seis a mais do previsto.
“Alguns cursos se diferenciam pela abordagem”, afirma Flávia Consoni, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos do Veículo Elétrico da Unicamp (Leve). “O do Senai de Curitiba, por exemplo, tem uma pegada extremamente técnica, voltada mais para engenheiros.”
Ela conta que a metodologia da Unicamp é mais personalizada, explorando também as atividades em grupo. “Nosso público-alvo são setores de energia, montadoras e setor de autopeças. Mas até a embaixada britânica já nos procurou”, revela.
As aulas são dadas às terças e quintas-feiras, e uma equipe de cinco professores se reveza nos quatro módulos, que versam sobre tecnologias e tendências do mercado, políticas públicas e modelos de negócio.
Para Flávia, ainda é prematuro pensar na eletromobilidade nas graduações das universidades. “É difícil mudar as grades curriculares. A demanda será atendida por outras vias, como o curso de engenharia mecânica com ênfase em mobilidade elétrica”, acredita. “Hoje, os assuntos estão superpulverizados, com interesse em infraestrutura, transporte público e por aí vai.”
Para Marcus Régis, diretor executivo da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), os cursos vão se intensificar na medida em que aumenta o interesse da sociedade, do governo e da própria indústria automotiva pela eletromobilidade. “Dizer que estamos vivenciando uma tendência, como se fosse um vestido da moda, é simplificar o debate. Trata-se de uma realidade, e quem não se mexer rumo à eletrificação do transporte estará fora do jogo”, decreta.
Segundo Régis, a academia tem papel preponderante para espalhar conhecimento sobre a eletromobilidade. “Parece estranho, mas o Brasil engatinha a passos largos nesse sentido. A tecnologia é nova no mundo inteiro; e, aqui, é ainda mais nova e repleta de oportunidades”, afirma.
Ele espera que o tema faça parte dos cursos de graduação. “O momento é de transição; e futuros profissionais, que estudam engenharia elétrica e urbanismo, podem ter um adendo nas grades. Em suas áreas de atuação, eles precisarão dominar o assunto em, no máximo, dez anos”, explica.
Com a colaboração de instituições parceiras, a Plataforma é autora de conteúdos importantes, como um roteiro de estrutura de recarga, micromobilidade elétrica e eletrificação de transportes públicos.
Ele acrescenta que não se pode pensar nas cidades como nos anos 1970. Por isso, profissionais do meio ambiente, economistas, engenheiros automotivos e gestores públicos deverão lançar o olhar para a eletromobilidade. “Nesse aspecto, os cursos terão importância cada vez mais relevante”, conclui.
GreenV trainning: destinado a técnicos eletricistas que querem conhecer mais de mobilidade elétrica e se tornar especialista no ramo
Mobilidade elétrica para dealers: foco nas concessionárias, abordando técnicas de venda, visão de negócios e tecnologia
Gestão predial: mobilidade elétrica para gerentes prediais e síndicos profissionais, com foco na implantação de projetos em condomínios
– Introdução à mobilidade elétrica: passado, presente e futuro da eletromobilidade no País e no exterior (grátis)
– Elétrica básica: conhecimento técnico, normas, segurança do trabalho e benefícios do carro elétrico
– Projetos em mobilidade elétrica: modo de recarga, tomadas, carregadores, redes elétricas, modelos de operação e projetos
– Visita técnica: carregadores, dimensionamento de AC e DC, como se comportar diante do cliente
– Documentos importantes: foco na documentação necessária para a realização de uma instalação
– Comercial: como montar uma proposta para o cliente
– Planejamento de execução: como planejar melhor a instalação
– Instalação residencial/empresarial: a diferença entre os projetos, desde o planejamento até a execução da instalação
– Veículos eletrificados: diferenças entre veículos 100% elétricos e híbridos
– Carregadores: tipos e diferenças técnicos
– Plugs: a parte técnica de cada um
– Transformadores: como funciona cada transformador, diferenças e aplicação
– Entrega de projetos: como entregar o projeto da instalação, esclarecimento de dúvidas e jeito correto de usar o carregador
– Falhas comuns: como identificar os erros que podem acontecer e como resolvê-los
– Relatório: como fazer um relatório da instalação
– Pós-vendas: checagem para saber se o carregador tem bom funcionamento
– Manutenção: como é feita a manutenção de um carregador
De R$ 100 a R$ 1.600
Valores dos cursos da GreenV Academy