Uma das formas de driblar as ruas e avenidas travadas, além das motos em alta velocidade, é tentar fazer as entregas pelo ar, por veículos não tripulados e relativamente simples de serem programados por computador como são os drones.
Apesar de essa estratégia poder gerar mais pressão sobre o setor de empregos, ela está sendo bem avaliada em países desenvolvidos como os Estados Unidos.
Ainda mais se a frota de drones puder pegar carona nos sistemas de ônibus público, como mostra uma pesquisa feita na Universidade de Stanford recém-divulgada. Como até os melhores equipamentos não tripulados têm capacidade de carga útil e alcance de voo limitados, a ideia é fazer com que eles possam ter um ganho de escala ao serem colocados sobre os ônibus.
A proposta dos pesquisadores é fazer com que os drones decolem efetivamente dos ônibus para fazer a entrega quando estiverem a menos de 2 km do alvo.
O grande passo científico do trabalho foi desenvolver um sistema que permite controlar uma rede de drones que se utilizam de veículos terrestres que seguem mais ou menos os mesmos trajetos todos os dias, como as linhas de ônibus.
Na configuração testada do novo sistema tudo funcionou bem. Na comparação entre com carona e sem carona, os instrumentos voadores conseguiram ficar no ar mais tempo no primeiro caso – principalmente porque a economia de energia foi maior.
O algoritmo desenvolvido pelos pesquisadores escolheu com precisão qual drone deveria decolar para fazer uma determinada entrega o mais rápido possível. Os objetos carregaram apenas um item por vez.
A ordem de todas as operações, algumas simultâneas, também foi deflagrada pelo sistema de computação de Stanford. As equipes do departamento de Aeronáutica e Astronáutica de Stanford usaram dados reais das cidades de São Francisco e Washington para testar os algoritmos. Os mapas englobavam áreas de 150 km2 para a cidade californiana e de 400 km2 no caso da capital americana.
Os resultados atestam que os drones poderiam quadruplicar o alcance efetivo de voo com o subterfúgio das caronas. Além disso, o maior tempo necessário para qualquer equipamento efetivar a entrega de um dos pacotes do lote que estava no depósito foi de uma hora para São Francisco e de menos de duas horas para a cidade de Washington, na costa leste.
“Drones são o futuro”, afirma Mykel Kochenderfer, chefe do Stanford Intelligent Systems Laboratory e um dos autores do projeto. “Ao usar o trânsito terrestre de maneira criteriosa, os drones têm potencial de fornecer transporte seguro, limpo e com boa relação custo-benefício”, diz o pesquisador.
Receber uma encomenda por meio de um drone após comprá-la em um dos principais sites de vendas da internet, ou aplicativos de entrega de comida, não é algo tão futurista nem será exclusivo de países mais desenvolvidos.
No Brasil, já existem empresas que testam o sistema, pelo menos nos arredores dos seus principais centros de distribuição. Outros grupos também já experimentam alguns caminhos que podem tornar-se comerciais nos próximos anos.
Assim como nos outros países do mundo, além do desenvolvimento dos sistemas computacionais para gerenciar todas as entregas de forma rápida e eficaz, o grande gargalo do delivery via drone é garantir que as operações sejam seguras.
O risco de acidentes no espaço aéreo das cidades precisa ser mínimo – não apenas para os próprios drones, mas para qualquer outro tipo de
transporte aéreo.
No Brasil, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem acompanhado de perto o desenvolvimento do setor e colaborado com os projetos que estão sendo desenvolvidos por algumas empresas do setor privado.
De acordo com os números da agência, responsável pela certificação de qualquer tipo de serviço que envolva a entrega de mercadorias por drone, mesmo em testes, existem quase 70 mil objetos voadores não tripulados cadastrados hoje no Brasil.