“Por mim, eu andava de moto todo dia”, brinca Heitor Matos, de apenas 9 anos. Para seu azar, ele só pode acelerar nas pistas de motocross duas ou três vezes por semana, depois da escola, no período da tarde. Sua rotina, aliás, é bastante atribulada. Além de conciliar estudos e treinos com a sua moto, o piloto mirim pedala, faz exercícios, natação e jiu-jitsu para melhorar o condicionamento físico.
Apesar da pouca idade, Heitor já se dedica às competições em duas rodas desde os 5 anos. Começou a pedalar, em uma escola de BMX, aos 4, por incentivo do pai, Clericson Alan Matos, que sempre andou de moto e já foi piloto de enduro e motocross. “A base para andar de moto é a bicicleta”, afirma, já vislumbrando o futuro do garoto nas pistas de motocross.
Depois de se frustrar com a última colocação em uma prova de ciclismo BMX, o pai levou Heitor, então com 6 anos, a nutricionista, para ter uma alimentação balanceada, e também começou a se exercitar. A dedicação deu resultado. Heitor foi campeão brasileiro e pan-americano de BMX, em 2019. Recebeu convite para representar o Brasil no mundial da modalidade, em 2020, mas a pandemia frustrou os planos.
No meio do isolamento social, trocou o pedal pelo motor de 50 cc de uma moto Husqvarna, e repetiu o sucesso nas pistas de motocross. “Não precisa pedalar e dá para pular mais”, diz o ousado garoto. Em 2021, em sua primeira temporada completa na modalidade, conquistou o título de campeão brasileiro de Motocross e de Arenacross, na categoria de 50 cc.
Neste ano, subiu para uma categoria maior, a de 65 cc, em que acelera uma Husqvarna TC 65, que já tem câmbio com seis marchas. Sofreu uma queda, nas primeiras provas, e quebrou o pé, o que o deixou afastado das pistas por cerca de dois meses e prejudicou os planos do jovem piloto. Nem o acidente nem a lesão tiraram a vontade de Heitor de acelerar sua moto de motocross.
“Já competi na categoria de 85 cc, contra pilotos de 14 e 15 anos, e até passei dois na prova”, comemora e faz planos para o ano que vem, quando deve participar das categorias de 65 cc e 85 cc, e seguir carreira nas pistas.
Leo Marques já venceu cinco provas neste ano e lidera com folga a Honda Jr. Cup, categoria escola para crianças entre 8 e 16 anos
Leonardo Marques Barbin, de 12 anos, também pretende seguir carreira de piloto, mas nas pistas de motovelocidade. “Ah, eu quero sonhar muito alto”, diz. Em 2021, participou da seletiva da Honda Jr. Cup, categoria escola para jovens pilotos no Campeonato Superbike Brasil, e conseguiu uma vaga no grid. Caiu na primeira etapa, mas, ainda assim, terminou em terceiro, no campeonato.
Embora, hoje, faça sucesso nas pistas de asfalto, Leo começou a pilotar motos no “meio do mato”, na região de Ribeirão Preto, onde mora com a família. A avó Nicélia Marques Correa não apoiava a mudança para a motovelocidade, mas, hoje, é a maior incentivadora do neto. “Quando era novinha, eu também usava de moto. Gostava de andar numa roda só”, lembra ela.
Atualmente, Nicélia faz rifas, vende bonés e pede patrocínio para arcar com os custos de hospedagem, alimentação e viagem para as etapas do campeonato, que acontecem em todo o País. Isso, sem falar nos gastos com os treinos e equipamentos de proteção, como capacete, botas, luvas e macacão. “Ele não vai desistir do seu sonho; me deixa louca com essa moto”, diz ela.
Neste ano, Leo Marques, como é conhecido, já venceu cinco corridas com sua Honda CG 160 preparada para a pista. Lidera, na temporada, com 31 pontos de vantagem a cinco etapas do final. “Já fiz as contas e, se chegar em terceiro em todas, vou ser campeão. Mas quero ganhar em Londrina”, diz, determinado, em referência à próxima etapa do certame, que acontece, no final de outubro, no autódromo paranaense. “Quero sonhar muito alto”, finaliza o garoto.
Saiba mais em: Os caminhos para se tornar futuros campeões no motocross.