Como vamos nos movimentar pelas grandes cidades nos próximos anos? Essa pergunta se repete todos os dias, mundialmente, entre gestores de transporte público, startups e companhias de diversos setores.
A mobilidade nas metrópoles virou um desafio global. Em São Paulo, Nova York ou Pequim, deparamos com complexos problemas de trânsito e intensas disputas de espaço entre carros, ônibus, caminhões, motos, bicicletas, patinetes e pedestres. Essa questão também nos atinge individualmente, aos escolhermos onde morar, onde trabalhar ou a escola dos nossos filhos.
As cidades continuarão a crescer rapidamente. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que 70% da população mundial viverá em áreas urbanas até 2050. Estudos apontam que a frota mundial de 1,2 bilhão de veículos poderá dobrar até 2030. O transporte público nos países menos desenvolvidos ficará mais estrangulado.
A luz no fim da rua pode estar na formação das cidades inteligentes. Há esforços significativos para desenvolver soluções e serviços de mobilidade inovadores, visando eliminar os gargalos do tráfego diário. Compartilhar e integrar produtos e serviços são os condutores dessa via.
A tendência é usar diferentes meios de transporte para percorrer um único caminho. O futuro é multimodal. Portanto, desenvolver tecnologias que agreguem diferentes modais e meios de pagamento, para permitir que as pessoas percorram da origem ao destino de forma integrada, é o grande desafio.
Portanto, precisamos de soluções que entreguem praticidade e conveniência, reduzam custos e gastos para todos os envolvidos e ofereçam mais segurança nos deslocamentos. E, ainda, que sejam amigáveis do ponto de vista ambiental.
Especificamente com relação aos meios de transporte, o estudo The Future of Mobility Is at Our Doorstep (‘O Futuro da Mobilidade Está à Nossa Porta’, em tradução livre), da McKinsey & Company, constatou, no final do ano passado, uma aceleração contínua nos investimentos em tecnologias relevantes, como e-hailing, semicondutores, sensores para sistemas de assistência à direção e direção autônoma.
No caso do e-hailing, os investimentos anuais saltaram de US$ 200 milhões, de 2010 a 2013, para US$ 11,4 bilhões, entre 2014 e 2019, considerando um universo de 1.183 empresas globalmente, segundo o levantamento.
Aliás, o transporte sob demanda é igualmente uma forte tendência. Não apenas para as viagens de carros mas também nos deslocamentos de ônibus, que passarão a contar com mais flexibilidade nas rotas, nos materiais rodantes e nas tarifas, tornando os trajetos mais rápidos, mais convenientes e, consequentemente, mais rentáveis.
Afinal, o princípio das cidades inteligentes passa pelo gerenciamento de dados e ativos, para elevar a eficiência das operações e dos serviços, e pela ampliação da conexão dos cidadãos. O avanço dos sistemas de mobilidade é crucial nesse cenário. Adicionalmente, a pandemia da covid-19, que impactou fortemente o transporte global, tornou ainda mais aguda a necessidade de reinventar os modelos de negócio do setor.
Enfim, está claro como queremos nos movimentar pelas metrópoles no futuro. Investimentos e integração tecnológica, tendo a inovação e a sustentabilidade como vetores, são os grandes desafios dessa jornada. O objetivo é melhorar a qualidade de vida nas cidades, por meio de recursos que conectem e aproximem as pessoas. A revolução da mobilidade urbana já é um caminho sem volta.