O transporte e a gestão inteligentes do tráfego estão transformando a maneira como as cidades abordam a mobilidade urbana. Com o surgimento da Internet das Coisas (IoT), é possível aplicar uma variedade de tecnologias para monitorar, avaliar e gerenciar diferentes sistemas de transporte, diminuindo o tempo de deslocamento e aumentando a segurança.
Ao utilizar tecnologias emergentes, o transporte inteligente também torna o deslocamento urbano mais econômico e sustentável. Por fazer melhor uso de recursos disponíveis, custos são reduzidos graças ao menor consumo de energia, manutenção preventiva e menor quantidade de gastos em acidentes. Com o desenvolvimento de sistemas de transporte autônomos, o “fator humano” de acidentes diminui, tornando o transporte do futuro mais seguro.
Empregando a análise de dados, o transporte inteligente consegue fazer o melhor gerenciamento, identificando áreas nas quais a eficiência precisa ser melhorada. Ônibus inteligentes, por exemplo, por meio de sistemas de geolocalização e IoT, permitem que o passageiro tenha informações detalhadas sobre a disponibilidade de veículos nas linhas e qual o tempo de espera nas paradas, o que facilita a alteração de itinerários que proporcionem melhores taxas de preenchimento e atualização de rotas que atendem melhor a população.
Atualmente, o Brasil enfrenta o crescimento urbano nos moldes de ocupação urbana implementados desde a era industrial. A intensa urbanização pós-moderna das últimas cinco décadas resultou em uma concentração de indústrias, serviços e trabalhadores, tornando as cidades locais de déficit habitacional. Com esse cenário, o transporte inteligente não deve ser entendido como um estilo de vida alternativo para a minoria da população preocupada com as questões ambientais, mas como uma forma de apropriação do espaço urbano que vai ao encontro das necessidades emergenciais apresentadas à sociedade.
De acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana, sancionada em 2012, é necessário contribuir para o acesso universal à cidade por meio do uso igualitário do espaço público. Nesse sentido, a aplicação da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no gerenciamento da mobilidade urbana não pode apenas se restringir a coleta e aplicação de dados. É preciso entender as causas da segregação urbana e buscar soluções para diminuir as disparidades sociais nos deslocamentos.
“Não podemos reduzir o debate acerca do transporte em políticas que apenas ampliam o investimento em tecnologia. As cidades brasileiras ainda são gentrificadas, fazendo com que grande parte da população tenha que passar por muitas horas de deslocamento. Ou seja, discutir o transporte inteligente é também assimilar como reduzir o tempo de viagem, compreendendo que o assunto está diretamente relacionado ao planejamento urbano das cidades”, aponta Paula Faria, CEO da Necta e idealizadora do Connected Smart Cities & Mobility.
A discussão sobre transportes inteligentes estará presente na oitava edição do evento nacional Connected Smart Cities & Mobility, nos dias 4 e 5 de outubro de 2022. Ele é o maior do Brasil, reúne inúmeros projetos e debate ideias acerca da mobilidade urbana, de cidades inteligentes e do setor aeroespacial.