Seu nome técnico é eVTOL, sigla, em inglês, para electrical vertical takeoff and landing, ou veículo elétrico de pouso e decolagem verticais. Mas essas aeronaves, ainda em fase de desenvolvimento, têm sido chamadas de várias formas, principalmente de “carros voadores”, alcunha que essa nova indústria quer evitar, pois o paralelo com automóveis de uso particular não procede.
O fato é que eles atendem a uma dor específica da mobilidade urbana: a necessidade de chegar rápido a algum ponto nas grandes cidades, driblando congestionamentos e a morosidade dos aeroportos convencionais. E tudo isso de forma bem mais sustentável, pois são elétricos – e menos barulhentos – que os helicópteros, por exemplo.
Decolar e pousar na vertical, uma das principais características desses equipamentos, é uma grande vantagem que dispensa a necessidade de pistas longas, como as dos aviões.
“Com um novo conceito tecnológico, essas aeronaves representam a evolução de tudo que conhecemos. Por isso, evitamos comparar com o que já existe. Elas se utilizam de baterias e um sistema de propulsão distribuída para fazer um voo sem emissão de poluentes e que reduz muito o ruído. E tudo isso explorando também características da aerodinâmica para sobrevoar distâncias maiores”, explica Roberto Honorato, superintendente de aeronavegabilidade da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), órgão que trabalha na certificação dos testes e, no futuro, dos protótipos das fabricantes e na regulamentação dessas aeronaves no Brasil.
Para que tudo dê certo, a segurança é trabalhada em diversas frentes. “Tudo tem sido feito com muito cuidado e a segurança é o principal guia de todo o processo”, explica Honorato. Em relação aos eVTOLs, a agência tem atuado na certificação das aeronaves em conjunto com a Eve, empresa da brasileira Embraer que está desenvolvendo uma aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical, além de uma rede de serviços e uma solução para gerenciamento de tráfego aéreo.
Desde 2020, a empresa tem avançado em testes em voo com modelos em escala e simuladores. A chamada propulsão elétrica distribuída – no caso do modelo da Eve, a aeronave conta com oito rotores elétricos para propulsão vertical e dois para horizontal – é o que confere altos níveis de segurança e de eficiência, pois há redundância em caso de panes.
Embora possam voar com segurança de forma autônoma, sem um condutor a bordo, especialistas e fabricantes afirmam que isso acontecerá em um segundo momento, como uma estratégia para ganhar a confiança dos passageiros em um veículo tão inovador. “A aceitação pública será um dos maiores desafios por causa de o eVTOL ser disruptivo no conceito de uma aeronave menor e elétrica. A ideia de que a bateria pode acabar em voo é uma das principais desconstruções a serem trabalhadas para a introdução da aeronave em serviço”, diz Sérgio Quito, conselheiro de segurança e de operações da Gol, empresa que firmou acordo, em setembro do ano passado, com a irlandesa Avolon para compra ou arrendamento de 250 aeronaves até 2025.
O major Andrei Oliveira da Silva Santos, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), concorda sobre a importância do piloto nessa fase inicial. “Na primeira etapa de desenvolvimento, ele contará com a presença de um piloto. Aos olhos dos usuários, a inovação estará mais na aparência futurista das aeronaves e na facilidade de solicitar um voo por meio de aplicativos para smartphone”, diz Santos.
Ainda de acordo com ele, nos bastidores, as mudanças serão bem mais profundas. “Incluindo o desenvolvimento de novas tecnologias e métodos de autorização de voos e de vigilância do espaço aéreo, com equipamentos capazes de detectar outras aeronaves e promover desvios padronizados nas rotas. Tudo com elevada aplicação de capacidade computacional processando as operações, em tempo real”, finaliza.
Este será um temas debatidos no Parque da Mobilidade Urbana, que acontecerá entre 23 e 25 de junho, no Memorial da América Latina (SP). Para saber mais sobre o evento e fazer a inscrição, clique aqui.
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