Em comemoração ao Dia do Trabalho, o Planeta Elétrico investigou como está o mercado profissional voltado para a mobilidade elétrica, tanto na esfera da oferta de empregos quanto na qualificação para aqueles que querem ingressar no segmento.
Afinal, a mobilidade elétrica é considerada uma solução para a descarbonização nos próximos anos. Além disso, em 2021, foram comercializados 34.990 modelos eletrificados, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), – o que significa crescimento de 77%, em relação a 2020. Ou seja, um mercado promissor pela frente.
Para entender se existe demanda por algum profissional específico, conversamos com um head hunter do segmento de busca executiva, o chamado C-Level. Para Diego Lopes, diretor associado da consultoria Fesa Group, a procura ainda é baixa porque existe requalificação de profissionais.
“Por ora, não há movimento de contratações no mercado executivo, especificamente, para a área de eletromobilidade. As grandes empresas de energia, por exemplo, têm utilizado recursos próprios de áreas como eficiência energética, engenharia e pesquisa e desenvolvimento para estruturar equipes e implementar as iniciativas voltadas ao tema”, revela.
Foi exatamente o que aconteceu com Glaucia Sella Roveri dos Santos, gerente de desenvolvimento de crescimento de infraestrutura do veículo elétrico da General Motors América do Sul. Gláucia é engenheira química e ingressou na empresa, como estagiária, há 12 anos. Ao longo de sua carreira, atuou na área de meio ambiente e energia, ao mesmo tempo que se qualificou com uma pós-graduação em gerenciamento ambiental e um MBA em gerenciamento de negócios.
“Ainda não existe modelo específico de profissional para atuar nesse segmento. O que vemos são muitos engenheiros mecânicos e elétricos que acabaram se especializando. Acredito que ainda temos muito o que evoluir na direção da eletrificação. A política pública, por exemplo, deve ir além das normas e infraestrutura de recarga. É necessário incluir a educação visando o futuro da mobilidade como uma prioridade do Estado”, afirma.
Já para Gabriel Fernandes, diretor de operações da Riba, empresa que atua com scooters elétricas nas frentes de aluguel, compartilhamento e vendas, e que construiu sua carreira como empreendedor, o importante é a experiência e a vontade de aprender. “Na Riba, prezamos muito em dar oportunidade às pessoas que querem ingressar no mercado de trabalho. Dos nossos 30 funcionários, cerca de 40% têm curso técnico, 40% diploma acadêmico e o restante está em processo de desenvolvimento educacional e profissional, o qual fazemos questão de incentivar.”
Fernandes informa também que a meta de desenvolvimento de equipe para o primeiro semestre de 2022 está voltada para o público feminino. “Vamos aumentar a diversidade em nossas operações”, explica.
Enquanto o mercado de trabalho ainda titubeia, a área acadêmica investe forte na formação de profissionais com qualificação para a mobilidade elétrica. O sistema Senai de Curitiba, no Centro de Mobilidade Sustentável & Inteligente, oferece cursos de especialização lato sensu em híbridos e elétricos, com foco em tecnologia; formação em engenharia automotiva e energia; master business innovation (MBI), em mobilidade sustentável, com foco em negócios; além de curso técnico de introdução à eletromobilidade.
Em 2021, em parceria com a GIZ, organização alemã com foco na cooperação internacional para o desenvolvimento sustentável e trabalho em educação, promoveu a certificação internacional para técnicos em sistemas de alta tensão, no qual capacitou três profissionais brasileiros para replicar o conhecimento em território nacional.
Valério Mendes Marochi, coordenador do Centro de Mobilidade de Curitiba, foi um dos profissionais certificados e está animado com a possibilidade de compartilhar o conhecimento. “A informação técnica precisa ser universalizada, não pode ficar dentro das montadoras e concessionárias. Essa é a missão do Centro de Mobilidade”, afirma.
Marochi conta que, mesmo sem demanda, por volta de 2019, a Federação das Indústrias do Paraná identificou que era necessário olhar para o futuro e trazer cursos com foco na eletrificação. “Todo processo de longa vida passa por maturação, e acreditamos na mobilidade elétrica como uma solução para nossos problemas atuais”, conclui.