Em 2018, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dentro de seu programa de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética, lançou uma Chamada Estratégica (22/2018) para o setor elétrico desenvolver projetos focados na mobilidade elétrica, considerando novos modelos de negócio, tecnologias, serviços e estudos estratégicos.
Para tanto, foram aportados, aproximadamente, R$ 620 milhões, o maior volume de recursos já direcionado para tal atividade no Brasil, que serão empreendidos ao longo dos próximos quatro anos.
Nessa chamada, a AES Brasil, empresa geradora de energia elétrica com base em fontes 100% renováveis, executa o projeto “Desenvolvimento de modelos de negócios na eletromobilidade: uma proposta a partir de plataformas multimodais integradas”, no qual realizou, em agosto de 2021, um Roadmap Nacional para Infraestrutura e Regulação da Mobilidade Elétrica.
O objetivo foi construir uma visão de futuro e seus caminhos necessários para desenvolver a infraestrutura de recarga para veículos elétricos, nos próximos dez anos, observadas as demandas e os interesses de diferentes setores. Supriu-se, assim, uma lacuna atual de planejamento para a difusão da mobilidade elétrica e sua infraestrutura, sobretudo nas cidades, epicentro da aplicação dessas tecnologias.
Para isso, esse trabalho contou com mais 50 stakeholders de múltiplas esferas (setor elétrico, empresas, ICTs, startups, consultorias e outras). Ainda, a iniciativa teve anuência da própria Aneel e contou com o apoio complementar da Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME).
Como resultado, construiu-se uma visão de futuro (visando o ano de 2032) baseada numa infraestrutura de recarga interoperável, inteligente, integrada e sustentável para os modais da mobilidade elétrica, com segurança e transparência legislativa, normativa e regulatória, garantindo uma cadeia de valor competitiva que oferta produtos e presta serviços inovadores ao novo consumidor.
Para alcançar essa visão, foram identificados os fatores críticos de sucesso, que visam dirimir as barreiras mapeadas e se desdobram em ações concretas. Esses fatores críticos são: 1) organização dos métodos de monetização e receita da recarga; 2) desenvolvimento de produtos e serviços inovadores aos consumidores; 3) suporte às tecnologias disruptivas com conectividade; 4) desenho de regulações e normas para a organização do ecossistema.
Por ser um trabalho inovador e único, no Brasil, terá impactos relevantes nas cidades inteligentes, já que irá auxiliar no planejamento e na promoção da melhor infraestrutura com conectividade para acomodar a mobilidade elétrica (ônibus, automóveis, motocicletas, por exemplo), segmento que, como um todo, tem experimentado avanço e progresso perceptíveis no Brasil, nos últimos anos.
De forma sinérgica, o roadmap é um guia e inspiração para melhor posicionamento no ranqueamento das cidades inteligentes, no qual o Ranking Connected Smart Cities é uma plataforma destacável. Ao perseguir as ações postuladas no roadmap de infraestrutura, as cidades, por seu turno, poderão alavancar seus indicadores em diferentes eixos, como Tecnologia e Inovação, Energia, Meio Ambiente e Empreendedorismo.
Todos esses achados serão publicados, em formato de livro digital, no final de 2021. Importante: o roadmap não será um fim nele mesmo. Haverá uma curadoria para acompanhamento das ações estabelecidas. De fato, cabe, agora, aos atores unirem esforços e implementarem as ações previstas em suas mais diversas atividades econômicas associadas. Já ficou claro que, somente juntando forças, será possível acelerar essa transformação.