Uma subida íngreme, problemas nas velas de ignição e ar-condicionado ligado são algumas das razões que afetam o desempenho do automóvel com motor a combustão. Mas será que o veículo com propulsão elétrica também tem a potência comprometida em alguma situação?
“Trata-se de um caso muito raro e geralmente acontece somente quando a carga da bateria do carro elétrico está em níveis críticos”, afirma Davi Bertoncello, diretor de relações institucionais e cofundador da Tupi Mobilidade, empresa de soluções para o ecossistema da eletromobilidade.
Ele conta que a perda de potência do veículo elétrico é um artifício para “avisar” o motorista sobre o iminente esgotamento total da energia da bateria.
“Esse alerta será precedido por sinais sonoros e visuais no painel, quase sempre a partir de 20% de capacidade ou aproximadamente de 50 a 60 quilômetros de autonomia restante”, diz.
Quando o computador de bordo calcula que o carro apresenta pouca autonomia, ele pode, automaticamente, limitar a potência e a aceleração.
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O desempenho aquém do esperado é uma demonstração de que a bateria é, de fato, um dos calcanhares de Aquiles do carro elétrico, pois vai perdendo densidade energética com o passar do tempo.
A vida útil do componente é de 10 anos ou aproximadamente 240 mil quilômetros, mas pode ser maior dependendo da quantidade de recargas ao longo de sua vida útil. Dessa forma, as fabricantes recomendam manter a carga entre 20% e 80% para mitigar os efeitos do desgaste da bateria. Ou seja, deve-se evitar a recarga de 100% da bateria regularmente.
Além disso, o clima pode impactar no desempenho do veículo elétrico. Ele trabalha melhor em temperaturas amenas, entre 20° C e 22° C. A autonomia pode cair um pouco em dias extremamente quentes, porque manter a temperatura da bateria requer maior consumo de energia.
Por outro lado, as baixas temperaturas também fazem mal para a bateria, pois as reações químicas acontecem mais lentamente, diminuindo a potência dos carros elétricos.
No frio, o motor a combustão redireciona o calor gerado para aquecer o habitáculo do automóvel. O modelo elétrico, por sua vez, tem um motor mais eficiente, mas que não gera a mesma quantidade de calor.
“Nos dias mais frios, o calor disponível no motor é utilizado para aquecer a própria bateria. Esquentar a cabine é um processo que se dá a partir de um aquecedor que consome parte da bateria de alta tensão, provocando a queda de autonomia”, explica Bertoncello.
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