Mais do que orientar os motoristas e usuários em seus deslocamentos, alguns aplicativos de mobilidade também podem ajudar em caso de fenômenos naturais como fortes chuvas, alagamentos ou deslizamentos de terra. Um bom exemplo é o Waze for Cities, trabalho conjunto entre o Waze e parceiros, entre eles governos, defesa civil e companhias de tráfego.
“Trata-se de um programa de parcerias com órgãos públicos em nível estadual, municipal, órgãos de trânsito e outros, sem interesse comercial. Em 2013, o País teria a visita do papa Francisco e a cidade do Rio de Janeiro havia se tornado um canteiro de obras por causa da Copa do Mundo [que ocorreria em 2014] e das Olimpíadas [em 2016]”, afirma Douglas Tokuno, head de parcerias do Waze para a América Latina.
De acordo com a empresa, o Centro de Operações Rio (COR) precisava entender como as intervenções de trânsito, como fechamentos de vias, afetariam a mobilidade dos cariocas. A Prefeitura do Rio de Janeiro solicitou ajuda ao Waze para entender as intervenções de trânsito e assim nasceu o Waze for Cities.
Diante de uma grande ocorrência ou catástrofe e dos dados fornecidos por seus parceiros, a equipe do Waze e os editores de mapa entram em ação, criando o fechamento de vias. “Temos trabalhado muito com parcerias. Por exemplo, sabemos que haverá chuvas fortes no verão do Rio de janeiro e, por isso, já estamos trabalhando com a CET e o COR na preparação para o período. Já sabemos onde costuma inundar e assim vamos alertar e fechar virtualmente a rota no Waze”, reforça Tokuno. Ele recorda que o aplicativo teve atuação importante em 2022 nas cidades de Recife (PE) e Petrópolis (RJ), afetadas por fortes chuvas. A abrangência do Waze for Cities se tornou mundial e inclui cerca de 1.900 parcerias.
Tokuno recorda ainda a importância das informações repassadas pelos usuários do aplicativo em caso de enchentes, deslizamentos, acidentes entre veículos ou buracos na pavimentação. Os relatos são utilizados pelas companhias de tráfego e concessionárias de rodovias.
Eventos como a Fórmula 1 (que costuma prejudicar o tráfego de parte da zona sul da capital paulista) também geram informações adicionais, como fechamento de ruas e bolsões de estacionamento. De acordo com o executivo, boa parte dos investimentos previstos para 2023 está ligada à segurança contra acidentes de trânsito.
Também com a ajuda de parcerias, o Google criou os Alertas SOS, que tornam informações de emergência mais acessíveis durante fenômenos naturais ou problemas causados pelo homem. O Google reúne conteúdos relevantes e confiáveis da internet, das mídias sociais e destaca essas informações na pesquisa Google e também no Google Maps.
“Para os Alertas SOS, para o usuário que estiver perto de uma grande crise natural e pesquisar palavras ou frases relacionadas a ela na busca do Google, é possível que seja exibido um alerta indicando o que está ocorrendo, seguido de informações de emergência e recursos, como dicas de segurança ou telefones úteis”, afirma Luisa Phebo, gerente de desenvolvimento de parcerias estratégicas do Google.
“Se ele estiver usando o Google Maps, também poderá ver Alertas SOS diretamente no mapa, caso haja algum em deles em sua área de visualização”, diz. Segundo Luisa, ao tocar no ícone o usuário terá mais informações sobre o problema, contatos telefônicos e sites úteis.
De acordo com o Google, os Alertas SOS cobrem desastres de grande escala como enchentes, tempestades, terremotos ou incêndios florestais. “O Google trabalha com alertas a desastres há mais de dez anos. Cobrimos cerca de 250 crises de grande proporção no mundo, todos os anos”, ressalta a executiva.
Entre os avisos locais ela citou aqueles emitidos para as chuvas que afetaram Minas Gerais e Bahia no começo deste ano.
A cidade do Rio de Janeiro conta desde 2010 com o Centro de Operações Rio (COR). Cerca de 30 órgãos, entre secretarias e concessionárias de serviços públicos, estão integrados num edifício para monitorar a cidade. “O centro de operações monitora encostas, rios, lagos e áreas em que os alagamentos são comuns. Os dados são transformados em inteligência a fim de mitigar problemas e preservar vidas”, garante o coordenador de cidades inteligentes da prefeitura do Rio de Janeiro, Willington Feitosa.
O COR também tem um aplicativo próprio, em que o usuário recebe informações sobre ocorrências para evitar alguma região. “Os moradores da cidade também podem reportar problemas em seu caminho. Um coordenador de cidades checa essas informações. Uma vez confirmadas, elas entram no aplicativo”, garante Feitosa.
Pelo app também é possível obter condições de tráfego e transporte em tempo real, imagens do radar meteorológico da prefeitura e pluviômetros. Pode ainda disparar uma sirene, caso a Defesa Civil perceba a iminência de deslizamento ou problema semelhante.