A previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que, até o final da produção da safra 2020/21, em março do ano que vem, o Brasil tenha produzido 642,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A projeção está praticamente equilibrada com a safra de 2019/20, que fechou com produção de 642,7 milhões de toneladas.
A pouca defasagem prevista na safra atual – de apenas 0,1% – está relacionada à queda na produção de etanol. Em virtude da pandemia, que obrigou as pessoas a cumprirem medidas de quarentena e isolamento social, o número de automóveis circulando nas ruas diminuiu. Logo, a produção de etanol foi fortemente afetada.
Com isso, muitas usinas direcionaram suas operações para a produção de açúcar – em que o incremento foi ainda favorecido pela alta do dólar, colaborando com as exportações. Como efeito, as exportações brasileiras de açúcar aumentaram 91,5% em julho, em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 3,487 milhões de toneladas.
De acordo com o boletim da Conab, esses resultados se aproximaram do nível recorde de embarques mensais. Até o momento, o maior volume já embarcado pelo País foi de 3,5 milhões de toneladas.
Fato é que o Brasil sempre foi o maior exportador de açúcar mundial. E, nesta safra, ganhou ainda mais participação no mercado global. Isso porque a seca que assola a Tailândia, segundo maior exportador mundial de açúcar, desfavoreceu a produção daquele país.
Tamanha previsão está deixando o setor de caminhões bastante animado. Isso porque o feito deve se repetir na safra 2021/22. E, como a indústria sucroalcooleira começa a renovar ou ampliar suas frotas de veículos para a atividade, as fabricantes de caminhões já estão preparadas com suas equipes de vendas.
De acordo com Emilio Fontanello, engenheiro de pré-vendas da Scania no Brasil, do final de setembro até o final de novembro, é um período em que as fabricantes começam a vender caminhões para a cana.
“Nós já estamos percebendo o movimento das empresas que atuam no setor. Além das muitas consultas, negócios estão sendo fechados. E, por essa razão, creio que as vendas devam ser melhores em relação ao ano passado”, diz o engenheiro de pré-vendas da Scania.
Na avaliação de Fontanello, essa melhora será puxada pela renovação de frota. “Mas a ampliação também deverá ocorrer porque a indústria da cana vem de uma migração do corte manual para a mecanização. Com isso, a operação ficou produtiva, o que demandará mais caminhões.”
Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas e marketing da Volkswagen Caminhões e Ônibus, concorda que as vendas neste ano para o setor serão promissoras. O executivo informa que haverá crescimento em relação a 2019.
“O segmento sucroalcooleiro vai demandar caminhões na safra do próximo ano, talvez mais até que a safra atual. Primeiro, porque o dólar não deve voltar aos níveis do passado e, para quem exporta, isso é bom. E também porque o consumo de etanol, que não ocorreu neste ano por causa da pandemia, deve voltar aos níveis normais no próximo ano”, diz o executivo da VWCO.