Embora desconhecida no Brasil, a indiana Bajaj é uma gigante no mercado mundial de duas rodas. Terceira maior fabricante de motos no mundo, com 1,6 milhão de unidades vendidas na Índia e 2,2 milhões exportadas para mais de 80 países, no ano fiscal de 2022, a Bajaj Motos chega, oficialmente, ao País, em outubro.
“Nosso plano era setembro, mas a estreia oficial vai ficar para outubro”, afirma, com ar de decepção, Waldyr Ferreira, diretor de operações da Bajaj no Brasil. Segundo o executivo, que já teve passagens por Harley-Davidson e Triumph, o caos logístico atrapalhou os planos. “Normalmente, o transporte entre a Índia e o Brasil levava 60 dias, mas temos navios que já embarcaram há mais de 100 dias”, lamenta.
Os cargueiros trazem os kits das primeiras motos Bajaj que serão vendidas no País. Diferentemente de outros países na América Latina, como Argentina, México e Colômbia, onde opera em parceria com representantes e importadores locais, a Bajaj terá uma subsidiária própria no Brasil.
Inicialmente, as motos serão montadas na fábrica da Dafra em Manaus (AM), pelo sistema CKD (completely knocked-down), mas a Bajaj não descarta ter uma fábrica própria, futuramente. “É um caminho natural. Vai depender do desempenho das vendas nos próximos anos”, admite, porém, o diretor da Bajaj Brasil.
Dinheiro para tal investimento não deve ser problema. Em 2021, o valor de mercado do grupo Bajaj, do qual a divisão de motos faz parte, juntamente com outras 40 empresas, é de cerca de 860 bilhões de rúpias indianas (cerca de US$ 10,7 bilhões).
“Temos dinheiro em caixa, e os investidores me falaram: ‘E, agora, o que vão fazer? precisam investir em outros mercados’”, brincou Rakesh Sharma, diretor executivo da Bajaj Auto Ltd., quando questionado sobre os motivos para entrar no mercado brasileiro, durante coletiva de imprensa na sede do grupo em Pune, na Índia.
“Na verdade, não investimos antes, pois não estávamos preparados nem tínhamos o produto certo para o exigente consumidor brasileiro”, analisa Sharma. Segundo o diretor executivo da Bajaj Auto Ltd., o País é um dos mais importantes e concorridos mercados de motos do mundo e peça fundamental na internacionalização da marca Bajaj.
Com mais de 1 milhão de unidades vendidas por ano, o Brasil é o sétimo maior mercado mundial de duas rodas, mas é dominado pelas japonesas Honda, que detém quase 80% de market share, e Yamaha, com quase 15%.
Justamente por essa concentração, Ferreira afirma que não adianta chegar “atirando” nas gigantes japonesas. “Vamos começar pequeno, fortalecer os principais mercados, criar bases sólidas”, diz o diretor de operações da Bajaj no Brasil.
“Neste primeiro momento, a parceria de produção com a Dafra nos permitiu focar no front end, ou seja, na marca, no produto e na construção de uma rede própria”, afirmou o executivo que vem trabalhando a entrada da Bajaj no Brasil desde meados de 2020.
A primeira concessionária, aliás, já tem até endereço. Será em Santo André, cidade do ABC paulista. Ferreira afirma que a estratégia da Bajaj é se estabelecer, primeiramente, na região metropolitana de São Paulo. “Vamos começar pelo Sudeste, mercado de maior volume. Também teremos lojas no Rio de Janeiro e em Minas Gerais”, revela. Depois, o Nordeste será prioridade em função do perfil das motos que serão vendidas no Brasil.
Embora não confirme quais modelos, exatamente, serão comercializados no início, o executivo afirma que o foco serão as linhas Pulsar e Dominar. A família Pulsar engloba motos urbanos de 160 cc, 200 cc e 250 cc, enquanto a Dominar tem motos mais sofisticadas, de 250 cc e 400 cc, com melhor desempenho e conforto para viajar.
“A linha Avenger, de motos custom de baixa cilindrada, também, está em pauta”, revela Ferreira. O diretor de operações da Bajaj no Brasil afirma, contudo, que, depois da viagem à Índia com empresários do ramo de concessionárias e jornalistas, a recém-lançada scooter elétrica Chetak virou prioridade.
“O Brasil está no topo da prioridade de exportação da nova Chetak”, garante Ferreira. A Bajaj inaugurou, recentemente, em Pune, sua cidade-sede na Índia, uma nova planta com capacidade para produzir 40 mil unidades, por mês, da nova scooter elétrica.
O executivo brasileiro evita falar sobre previsão de vendas, mas admite que fechar o primeiro ano com 5 mil motos vendidas, ou seja, cerca de 400 motos/mês, seria um bom resultado. “Nosso objetivo é que, em cinco anos, quando o motociclista brasileiro pensar em comprar uma moto, considere um modelo Bajaj como opção”, finaliza Rakesh Sharma, diretor executivo da marca na Índia.
A concessionária Bajaj, em Santo André (SP), anunciou pré-venda de três modelos da marca que, certamente, estão confirmadas para o nosso mercado – veja mais detalhes aqui. Confira:
Concorrente de Yamaha Fazer 150 e Honda CG 160, tem motor de 17,2 cv, além de freio a disco nas duas rodas.
Mesma plataforma do modelo de 160 cc – porém, com motor maior e mais potente, de 24,5 cv.
Com suspensões invertidas e freios a disco com ABS, tem motor de 40 cv para disputar segmento com poucas opções no Brasil.