Em 2021, foram registradas 33.813 mortes em acidentes de trânsito em todo o Brasil, de acordo com o DATASUS, do Ministério da Saúde. Os ciclistas respondem por 5% deste total, contabilizando 1.906 mortes em acidentes no País, número que tem aumentado a cada ano. O desafio de oferecer segurança a quem pedala é nacional, mas algumas capitais aparecem como locais ainda mais perigosos que a média para esse público.
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Em 2021, por exemplo, Goiânia liderou o ranking de mortes com o modal – com taxa de 1,36 acidentes com ciclistas por 100 mil habitantes – seguida, na segunda posição, por Curitiba (PR) – taxa de 1,07 mortes por 100 mil habitantes – e Recife (PE) em terceiro, com 0,78 acidentes por 100 mil habitantes.
Esse levantamento, elaborado com números do Ministério da Saúde que levam em conta apenas capitais com mais de 1 milhão de habitantes – São Paulo apareceu, naquele ano, na penúltima posição entre 13 cidades analisadas, com taxa de 0,05 mortes de ciclistas por 100 mil habitantes.
Seguindo a tendência nacional, São Paulo também tem registrado aumento nas mortes de ciclistas: se em 2021 foram 321 óbitos no Estado, em 2022 esse número passou para 357, segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito (Infosiga).
O número é alarmante e representa quase uma morte de ciclista por dia no Estado de São Paulo. Do total de 357 óbitos, 56,5% ocorreram em vias municipais e 33,9% foram em rodovias estaduais.
“Embora a quantidade de ciclistas seja muito maior nas áreas urbanas, nas estradas a letalidade é maior, por conta da velocidade, entre outros aspectos”, diz Hanna Arcuschin Machado, especialista em mobilidade urbana e pesquisadora visitante no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
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Oferecer condições a quem pedala, tanto em relação à infraestrutura das vias, como a própria segurança na convivência com os demais modais, são condições fundamentais para que a bike, apontada por especialistas como uma solução sustentável para as cidades, conquiste novos adeptos.
Na pesquisa nacional Perfil do Ciclista 2021, com resultados divulgados em abril do ano passado, os tópicos ‘Infraestrutura’ e ‘Segurança no Trânsito’ foram apontados como os dois principais estímulos para que as pessoas passassem a pedalar mais, com 55,6% e 26,8% das respostas, respectivamente.
O estudo, considerado o mais amplo do setor, foi implementado pela organização Transporte Ativo e pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Labmob-UFRJ), e contou com mais de 180 pesquisadores, que atuaram entre setembro e novembro de 2021 em 16 cidades do Brasil.
Foram feitas entrevistas com mais de 10 mil ciclistas, em 16 cidades do País, de diferentes tamanhos, com pessoas, a partir de 12 anos de idade, que usam a bike uma vez por semana ou mais e que foram abordadas pedalando, empurrando ou estacionando o veículo.
“O trabalho aparece como principal destino para 75,4% dos entrevistados, demonstrando a importância do modal para a dinâmica das cidades. Mas é fundamental aprofundar a conscientização dos demais participantes do trânsito com foco na conviência segura”, disse Zé Lobo, diretor-presidente da Transporte Ativo e coordenador da pesquisa, na época do seu lançamento.