Faixa Azul de SP: vias exclusivas para motos chegam a outras cidades do País

Adotada há quase três anos, a Faixa Azul já soma 212 km em 34 vias da capital paulista. Foto: Marcelo Pereira/SECOM

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Implantada na cidade de São Paulo como um forma de reduzir os sinistros de trânsito envolvendo motocicletas, a Faixa Azul para motos começa a ser testada em outras cidades do País. Algumas capitais, como Recife (PE), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG), já solicitaram autorização ou têm estudos para implantar a sinalização.

Adotada ainda em caráter experimental, já que a “Faixa Azul” não existe no Código de Trânsito Brasileiro, a sinalização necessita de autorização da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Aliás, a faixa exclusiva para motos da Prefeitura de São Paulo é o único projeto regulamentado pelo governo federal.

Na capital paulista, o projeto irá completar três anos em janeiro de 2025. Já são 212 quilômetros de Faixa Azul em 34 vias da cidade de São Paulo. Diariamente, de acordo com a prefeitura da capital, circulam cerca de 500 mil motociclistas, o que representa 40% da frota total de motos.

“Consideramos o projeto bem-sucedido, pois conseguimos diminuir os sinistros envolvendo motos e automóveis nas vias onde existe a Faixa Azul. Acabou virando uma referência nacional”, comenta o Secretário de Mobilidade e Trânsito da capital paulista, Gilberto Miranda. De acordo com levantamento da Prefeitura, acompanhado de perto pela Senatran, os sinistros até outubro deste ano caíram 22% em comparação com ao ano passado nos trechos onde existe a sinalização.

Entretanto, vale destacar que as mortes de motociclistas têm crescido na capital paulista, apesar da Faixa Azul. Entre janeiro e setembro deste ano, 355 motociclistas perderam a vida no trânsito da cidade de São Paulo. Os dados, do Infosiga, representa um aumento de 30% em relação ao mesmo período de 2023.

Santo André quer Moto Anel Viário

No início deste ano, a prefeitura de Santo André, no ABC Paulista, recebeu autorização para implantar cinco quilômetros de Faixa Azul, nos mesmos moldes da capital. Desde maio, a Avenida Prestes Maia recebeu a sinalização, que inclui faixas pintadas na horizontal e placas de sinalização.

Desde maio, Santo André tem cinco quilômetros de faixas exclusivas para motos. Foto: Helber Aggio/Prefeitura de Sto. André

“A frota de motos cresceu muito. Hoje, são mais de 110 mil motocicletas circulando na cidade, fora aquelas de passagem. A Faixa Azul diminui o conflito entre motociclistas e motoristas”, explica o secretário municipal de Mobilidade, Donizete Pereira.

Após seis meses de implantação, os sinistros envolvendo motos no trecho com a Faixa Azul caíram 40%. A Avenida como um todo apresentava um número médio de 4,4 sinistros/mês. Atualmente, a média é de 2,7 sinistros/mês, informou a prefeitura de Santo André.

Os bons resultados estimularam a administração municipal a solicitar autorização ao Senatran para implantar mais quatro quilômetros da sinalização na cidade. No próximo ano, as avenidas José Antônio de Almeida Amazonas e Dom Jorge Marcos de Oliveira devem receber a Faixa Azul.

A ambição da secretaria de mobilidade de Santo André, contudo, é criar um Moto Anel Viário na cidade. “Estamos construindo um grande complexo viário e queríamos inaugurar com um moto anel que circundasse o centro da cidade”, revela Pereira.

Entretanto, o sucesso da iniciativa depende muito dos motociclistas, acredita o secretário municipal. “Tem alguns que se aproveitam da faixa exclusiva e andam muito acima da velocidade”, afirma. A secretaria mantém contato com sindicatos e investe em campanhas de conscientização, mas também implantou radares e ampliou a fiscalização no trecho.

Outras cidades que deverão ter faixas para motos

Recife (PE) já recebeu autorização para implantar o projeto da Faixa Azul para motos desde setembro. A capital pernambucana, no entanto, ainda não implantou a faixa, apesar da autorização. Contatada, a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) informa que ainda estuda os projetos de sinalização horizontal e vertical para a implantação do equipamento. A faixa exclusiva para motos em Recife deve se estender por 1,6 km da Avenida Recife, nos dois sentidos.

No Distrito Federal, também já existe um grupo de trabalho instituído para avaliar a implantação da Faixa Azul nas vias mais movimentadas. Recentemente, a Prefeitura de Belo Horizonte pediu informações ao governo federal sobre as perspectivas de regulamentação de uma motofaixa e afirma que avaliará o modelo da capital paulista.

Ainda de acordo com a Prefeitura de São Paulo, a experiência foi compartilhada em visitas técnicas de outras cidades como Porto Alegre (RS), Feira de Santana (BA) e São Caetano do Sul (SP), além do governo do México.

O Rio de Janeiro (RJ), embora tenha adotado uma faixa exclusiva para motos, em agosto deste ano, não não segue os mesmos padrões do projeto paulistano. Além disso, a motofaixa carioca não tem autorização da Senatran.