Se, em tempos “normais”, scooters e motos já ajudam enfermeiros, técnicos de enfermagem e médicos a se locomover com mais rapidez e economia no dia a dia, em época de pandemia, também são uma forma de evitar que esses profissionais de saúde se exponham ainda mais ao novo coronavírus.
Os veículos de duas rodas permitem que os profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à covid-19 consigam cumprir sua rotina, além de evitar as aglomerações no transporte público no trajeto entre a residência e o hospital. As motocicletas também estão fora do novo rodízio de veículos que vigora na cidade de São Paulo desde 11 de maio.
Bruno Oliveira Cardelino, 41 anos, por exemplo, usa tanto sua scooter Dafra Citycom 300 na rotina diária que até vendeu seu carro. “Vou à Avenida Paulista quatro vezes por semana, sempre no horário de pico. Também faço cirurgias em diversos hospitais e carrego minha caixa cirúrgica debaixo do assento”, revela o médico, que reside em Santo André, região do ABC Paulista.
Bruno cumpre funções administrativas em uma empresa de seguro de saúde na capital e também é plantonista no Hospital Estadual Mário Covas, referência para no tratamento da covid-19 em Santo André. “Intensificamos a rotina de cuidados dentro do hospital. Embora não atenda diretamente a casos de coronavírus, a doença causa complicações vasculares e posso ter de entrar em contato com pacientes infectados”, conta o cirurgião vascular, que viu o médico com quem divide com ele plantões no hospital ser afastado por suspeita de covid-19.
Médicos, enfermeiros e outros profissionais que atuam nos hospitais e unidades de saúde estão diariamente expostos ao novo coronavírus. Ainda mais em São Paulo, Estado com o maior número de infectados pela doença. Nesse cenário, percorrer o trajeto entre hospital e casa em duas rodas também contribui para diminuir a exposição e o contato social.
Dados divulgados pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), na semana passada, já contabilizam mais de 9 mil enfermeiros afastados por causa da covid-19 no Brasil. A quantidade de óbitos é ainda mais alarmante: até 8 de maio, 96 haviam falecido em decorrência da doença, número maior que em países como Estados Unidos, Itália e Espanha.
A técnica de enfermagem Simone Coutinho Lopes, 29 anos, só consegue trabalhar no Hospital São Camilo, na Zona Norte da capital, entre às 7h e 13h, e no Albert Einstein, na Zona Sul, das 16h às 22h, por causa de sua Honda PCX 150.
“Diria que minha rotina seria impossível se não fosse de scooter”, revela Simone, que tirou habilitação na categoria A há um ano e meio, em busca de economia e praticidade. “Gasto bem menos em combustível e consigo chegar mais rápido”, diz.
A profissional de enfermagem conta que, além de triplicar a precaução no dia a dia do hospital, dá atenção especial à sua scooter. “Higienizo a moto, o assento e o equipamento de proteção. Pelo menos uma vez por semana, tiro e lavo a forração interna do capacete”, explica.
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