Motos se firmam como solução para última milha

Desde o início da pandemia, mais de 135 mil lojas passaram a vender também pela internet. Foto: Getty Images
Arthur Caldeira
01/12/2020 - Tempo de leitura: 3 minutos, 10 segundos

A pandemia acelerou a tendência de crescimento do comércio eletrônico. Entre janeiro e agosto deste ano, o faturamento do varejo online cresceu 56,8% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). De acordo com a ABComm, desde o início da pandemia, mais de 135 mil lojas aderiram às vendas pela internet para continuar funcionando.

O aumento das vendas pela internet impactou diretamente as logtechs, empresas de tecnologia aplicada ao transporte, mas que não atuam diretamente no delivery de comida. Caso da startup Motoboy.com, de Joinville (SC), que pretende dobrar o faturamento neste ano. “As oportunidades que surgiram com a pandemia estão sendo atendidas quase em sua totalidade pelas logtechs”, afirma Jonathan Pirovano, CEO da empresa.

Fundada em 2013, a Motoboy.com atua somente com entregas de moto e, hoje, está presente em mais de 150 cidades de médio e grande porte de todo o Brasil e já espera expandir suas atividades para Portugal. Conta com mais de 130 mil motociclistas cadastrados, e viu as entregas aumentarem 50% desde o início da crise do novo coronavírus, chegando a mais de 35 mil locais atendidos mensalmente.

“As motos funcionam muito bem nas entregas last mile em função do baixo consumo de combustível e custo de manutenção desses veículos. Em cidades grandes, como São Paulo e Rio de Janeiro, o trânsito é outro fator que favorece as entregas com motocicletas”, afirma Pirovano. Last mile (última milha) são aquelas viagens de até 5 quilômetros.

Para atrair clientes, ou seja, as empresas que usam seus serviços, a Motoboy.com investiu pesado em tecnologia. “Hoje, por meio de nossa API, qualquer e-commerce ou marketplace pode oferecer cotação de frete e suporte online, agendamento automático e monitoramento via GPS para acompanhamento da entrega, em tempo real, aos clientes, diretamente, da sua plataforma. Evoluímos também para a opção de agrupamento de entregas e otimização de rotas para a redução de custos desses e-commerces”, conta o CEO da empresa.

Motos são maioria

Originária de Hong Kong, a Lalamove, plataforma online de soluções de entrega, chegou ao Brasil, em 2019, com o diferencial de conectar usuários e empresas a motoristas parceiros com carretos, utilitários, minivans, SUVs e motocicletas. O objetivo é oferecer uma solução completa, principalmente, àqueles que precisam de veículos maiores. 

“A gente já esperava um crescimento em 2020, mas, com a pandemia, isso se acelerou”, revela Luiz Giordani, 31 anos, gerente-geral da Lalamove. A empresa viu as entregas crescerem mais de 100% durante a pandemia e mais que dobrou sua equipe no País no período, passando de 35 para 90 colaboradores.

Para atrair mais motoristas e motociclistas parceiros, a Lalamove reforçou as vantagens para quem está inscrito na plataforma. “Temos o Clube Lalamove, que oferece descontos e benefícios aos parceiros”, conta seu gerente-geral. 

Já os clientes e empresas contam com diversas opções de entrega, que vão de vans e SUVs a até motos com baú ou mochila. E os preços variam de acordo com o tamanho da entrega. Mas, principalmente, nas distâncias de cerca de até 5 quilômetros, as motos são a grande maioria, conta Giordani. 

O varejo online, que antes englobava empresas tradicionais nessa área, deixou de ser uma tendência e passou a ser uma necessidade para outros tipos de negócio. “A pandemia obrigou a todos reinventarem seu modelo de negócio, com a venda não presencial”, analisa o executivo da Lalamove. 

De acordo com dados da empresa, setores como material de construção, vestuário e mercado pet foram os que mais procuraram os serviços de entrega da Lalamove, nos últimos meses.