As ciclovias instaladas em algumas cidades americanas melhoraram a economia das áreas vizinhas, segundo pesquisa publicada no primeiro semestre, feita totalmente antes da pandemia. No total, o estudo apresentado por pesquisadores da Portland State University e do Education Center do Oregon avaliou 14 corredores exclusivos para bikes em seis cidades dos Estados Unidos (Portland, Seattle, São Francisco, Memphis, Minneapolis e Indianápolis).
O trabalho mostra que em nenhum caso a instalação das ciclovias gerou prejuízo econômico para o comércio adjacente, seja em termos de venda ou de redução no número de vagas de emprego. Ou a ciclovia turbinou a economia local ou então acabou tendo uma consequência neutra para os dois fatores analisados.
Um dos exemplos citados pelos pesquisadores é o da cidade de Minneapolis, em Minnesota, onde nasce o rio Mississippi antes de atravessar boa parte dos Estados Unidos. A ciclovia montada na Central Avenue da cidade, em 2012, reduziu a largura da via e retirou espaço para o estacionamento dos carros ao lado das calçadas.
Mas as medições feitas pelos pesquisadores mostram que o número de empregos gerado no comércio da via onde estão as faixas exclusivas para bicicleta aumentou em 12,6%, contra um em comparação com o aumento de 8,54% em uma área usada como controle, localizada a poucos quarteirões de onde a ciclovia passou a funcionar.
Os dados analisados referem-se à média de três anos depois da chegada da ciclovia. A venda dos restaurantes no local também cresceu, mostram os estudos. Os pesquisadores ainda fizeram análises comparativas com anos anteriores às mudanças viárias na avenida.
Em Seattle, o efeito da ciclovia, concluída em 2014 na Broadway, também foi positivo, segundo os dados da pesquisa. O aumento de empregos no setor de comida foi de 30,8%, contra 16,2% da área controle, também localizada próxima, a alguns quarteirões.
“Esse estudo é um recurso importante para auxiliar as cidades a avaliar se é o caso de construir mais infraestrutura para as bicicletas”, afirma Zoe Kircos, diretor da PeopleForBikes, instituição que apoiou a pesquisa.
“Conectar a cidade é a chave para encorajar mais pessoas a pedalar. Agora, esses dados mostram que a vitalidade econômica dos locais onde são feitas as ciclovias acompanha o investimento público que foi feito”, diz Kircos. “Nós estamos compartilhando esses estudos de caso para encorajar outras cidades a também calcular os benefícios econômicos que as ciclovias podem gerar”, diz o executivo americano.
De acordo com a pesquisa, o comércio local de alimentos foi claramente beneficiado com a maior oferta de infraestrutura para os pedestres e para as bicicletas. Evidências de que houve aumento de vendas e de emprego surgiram em todos os corredores analisados, segundo os autores do trabalho – mesmo no caso em que o espaço para o estacionamento de automóveis acabou suprimido para as bicicletas poderem circular.