Os veículos elétricos, geralmente, são repletos de tecnologias que atuam em prol da integridade dos usuários. Mas empresas e instituições seguem avaliando soluções para deixá-los ainda mais seguros. Veja, a seguir, quatro iniciativas que, uma vez colocadas em prática, vão aumentar o bem-estar dos passageiros a bordo.
Os automóveis movidos a bateria precisarão de atualizações periódicas nos sistemas a fim de evitar interferências, principalmente quando se tornarem autônomos. “As fabricantes deverão estar atentas a tentativas de ataque de hackers”, adverte Marcos Antônio Simplício Junior, professor de computação da Universidade de São Paulo e membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), organização dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade e que atua em 160 países.
Segundo ele, quanto mais eletrônica embarcada, mais difícil é garantir que não haja nenhuma falha a ser explorada por um ataque cibernético. Uma das principais preocupações dos especialistas com os carros elétricos e autônomos é saber se o usuário estará totalmente seguro, sem riscos de sofrer um acidente por falha mecânica, desviando da rota pretendida.
Para lidar com a segurança de dados, os veículos se valerão de mecanismos de cibersegurança, como assinatura digital das mensagens. Ela impedirá eventuais rastreamentos, com a troca, de tempos em tempos, do identificador usado pelo carro quando se comunica com a rede. “Na Europa e nos Estados Unidos, já existem padrões desenvolvidos pelo IEEE para alcançar essa proteção”, ressalta Simplício Junior.
Outro fator que envolve a segurança é a blindagem, serviço que cresce na mesma proporção das vendas de carros elétricos no Brasil. Eles podem ser blindados como qualquer outro carro, mas com algumas diferenças. Segundo Olavo Ehmke, diretor do grupo Autobunkers Defense, muitos híbridos e elétricos possuem motores ou unidades geradoras de força em mais de uma posição.
“Há veículos com motor no compartimento do capô e outro no porta-malas. Isso acontece também com as unidades armazenadoras de energia, levando à instalação de mais cabos e chicotes elétricos. Tal situação exige maior cuidado durante a blindagem e um projeto de balística exclusivo”, revela.
A blindagem também adota 100% da manta de aramida, revestimento produzido em kevlar – fibra mais leve e resistente ao calor. A aramida proporciona a mesma proteção balística que o aço, mas com a vantagem de reduzir o peso total do carro.
“Os veículos elétricos e híbridos não aceitam soldas ou outros processos que causem descarga elétrica”, explica Ehmke. “Assim, devem permanecer isolados do solo, com o uso de cavaletes de plástico ou borracha.”
O primeiro laboratório para ensaios em componentes ligados a veículos elétricos será inaugurado na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), até o fim do ano. Com investimento inicial de R$ 20 milhões, o E-mobility contará com equipamentos rastreados e calibrados, que vão propiciar mais segurança e melhor desempenho às baterias e estações de recarga.
A iniciativa é resultado da cooperação entre a PUC-RS – por meio dos Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica, Calibração e Ensaios (Labelo) –, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e o grupo de certificação de produtos PCN, da Coreia do Sul.
O acordo permite a troca de conhecimento e metodologias e o acesso das equipes ao que há de mais moderno em mobilidade elétrica. Seminários preliminares expuseram os riscos associados à utilização de bateria em veículos, os padrões de qualidade necessários para a garantia de segurança e as melhores práticas de reciclagem e descarte do componente.
“Com a expansão dessa tecnologia no País, precisamos minimizar os riscos de acidentes. O intercâmbio de conhecimento é importante para a implementação do laboratório e as regulações para certificações no setor”, destaca Israel Teixeira, diretor do Labelo.
Na compra de um veículo elétrico, a segurança na hora de recarregar a bateria é um requisito fundamental aos consumidores com mobilidade reduzida. A Ford vem testando um robô para executar essa ação como parte de um projeto de pesquisa de soluções de carregamento hands free (“mãos livres”, ou seja, sem a necessidade de usá-las) para veículos elétricos e autônomos.
Os pesquisadores estão avaliando o robô em situações da vida real. Ao ser ativado, ele abre uma tampa e estende o braço mecânico, com o conector elétrico, em direção à tomada do veículo, com o auxílio de uma pequena câmera. Completada a recarga, o braço volta ao seu lugar.
A tecnologia foi desenvolvida em parceria com a Universidade de Dortmund (Alemanha), e, futuramente, poderá ser instalada em vagas para deficientes em estacionamentos ou residências.
“A estação de carregamento robótico é mais segura para quem tem mobilidade reduzida. É nosso compromisso garantir liberdade de movimento para todos”, afirma Birger Fricke, engenheiro do Centro de Pesquisa e Inovação da Ford.
Para saber mais sobre veículos eletrificados, acesse nosso Guia do Primeiro Carro Elétrico ou Híbrido