Bolonha adota limite de 30 km/h: saiba por que outras cidades estão fazendo o mesmo

Tendência tem sido replicada em vários locais, onde o limite de velocidae passou a ser de 30 km/h nas áreas urbanas, com foco em aumentar a segurança viária. Foto: Adobe Stock

20/02/2024 - Tempo de leitura: 4 minutos, 12 segundos

No início do ano, Bolonha se tornou a primeira italiana a reduzir a velocidade para 30 km/h na maior parte do seu perímetro urbano, medida que provocou protestos da população.

Leia também: Zonas de baixa emissão: o que são e como podem melhorar nossa mobilidade

Depois de Bolonha, outras localidades como Cesena, Milão e Turim também adotaram a medida, que faz parte de um projeto batizado de Città 30, que visa tornar o tráfego mais seguro e melhorar a qualidade de vida das pessoas que residem nessas áreas.

“Várias outras cidades na Europa e em todo o mundo têm implementado políticas semelhantes de redução de velocidade nas áreas urbanas. Uma delas é Paris, na França, que implementou zonas de velocidade reduzida, com limites de 20 km/h em algumas áreas”, explica Irineu Gnecco Filho, diretor de projetos da Urucuia: Inteligência em Mobilidade Urbana.

O especialista, que já foi diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e ex-secretário adjunto de Mobilidade em São Paulo, menciona Oslo, na Noruega, Amsterdã, na Holanda, e Nova York, nos Estados Unidos, como outros exemplos. “Já Copenhagen, na Dinamarca, estabeleceu 40 km/h em muitas áreas urbanas e está trabalhando para reduzir ainda mais.”

Benefícios percebidos

Ainda que a população, no início, rejeite a medida, na opinião do especialista essa reação tende a mudar à medida que os benefícios começam a ser percebidos. No caso de Bolonha, duas semanas após a alteração do limite de velocidade, indicidentes como batidas com outros veículos caíram 21%.

Do total de 94 sinistros entre 15 e 28/01, na comparação com o mesmo período do ano passado, foram registrados 25 acidentes e 14 ocorrências com feridos a menos com o novo limite de velocidade.

“Esta é uma primeira tendência que consideramos positiva, mas temos consciência de que teremos dados mais consolidados estatisticamente após um período mais longo”, declarou Valentina Orioli, secretária de Mobilidade de Bolonha, à imprensa local.

A redução no número de sinistros entre veículos é apenas um dos benefícios da medida, de acordo com Gnecco Filho. “Ela pode ajudar a reduzir drasticamente o risco de lesões graves ou fatais em caso de acidentes, protegendo a vida e a saúde também de pedestres e ciclistas”, explica.

Outros efeitos positivos são a melhoria da qualidade do ar, promoção de um trânsito mais calmo, maior interação entre pessoas e a redução com gastos na saúde pública.

Experiências locais

No Brasil, de acordo com Gnecco Filho, algumas cidades têm adotado medidas semelhantes, embora ainda não exista uma legislação federal que estabeleça um limite de velocidade padrão para todas as cidades.

“Assim, cada município tem autonomia para definir seus próprios limites com base em suas características e necessidades locais”, explica.

Os exemplos locais são as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Recife e, de acordo com o especialista, os resultados variam dependendo de diversos fatores, como a eficácia da fiscalização, o nível de conscientização dos motoristas e a infraestrutura viária existente.

“Entretanto, estudos sugerem que a redução pode contribuir para diminuir acidentes e mortes no trânsito, assim como tem sido observado em outras partes do mundo.”, explica.

Saiba mais sobre segurança viária no canal Maio Amarelo

Onde a velocidade já foi reduzida no País

São Paulo: conhecidas como Áreas Calmas, são regiões com alto fluxo de pedestres e que tiveram redução de 40 km/h para 30 km/h; alguns exemplos estão na Lapa de Cima e Lapa de Baixo (zona oeste),em Santana (zona norte) e em outras regiões;

Rio de Janeiro: o projeto, conhecido como Zona 30, já funciona em vias como a Rua General Glicério (Laranjeiras), Avenida Oliveira Bello (Vila da Penha), Estrada do Encanamento (Campo Grande), Rua Jurunas/ Itapema (Engenho de Dentro), Avenida Fleming (Barrinha), Rua Fonseca Teles (São Cristóvão), entre outras;

Curitiba: o projeto batizado de Áreas Calmas foi implantado no centro da cidade, na rua André de Barros (entre Rua Visconde de Nácar e Rua Mariano Torres); Rua Mariano Torres (entre Rua André de Barros e Rua Amintas de Barros); Rua Luiz Leão (entre rua Amintas de Barros e avenida João Gualberto); Avenida João Gualberto (entre Rua Luiz Leão e Rua Inácio Lustosa), entre outras;

Recife: conhecido como Trânsito Calmo, o projeto funciona em regiões de alto fluxo de pedestres na zona norte da cidade, como na Rua José de Alencar (Ilha do Leite), na Rua do Hospício, próximo à Rua Princesa Isabel (bairro da Boa Vista), Largo da Paz (Afogados), Rua da Palma (Bairro de Santo Antônio) e Largo Dom Luiz (Bairro do Vasco da Gama).

Leia também: Acalmamento do tráfego e seu impacto na segurança