A retomada do turismo será pelas estradas

Viagens rodoviárias curtas para destinos que permitem contato com a natureza: é assim que a maioria das famílias brasileiras voltará ao turismo. Crédito: depositphotos

30/07/2020 - Tempo de leitura: 2 minutos, 34 segundos

O setor de turismo foi, certamente, um dos mais prejudicados pela pandemia de covid-19. E todos os especialistas concordam com o prognóstico de que a viagens de lazer vão demorar um pouco para voltar a ser como antes, tanto no que diz respeito ao volume quanto às características.

Somando-se o dinheiro que está deixando de ser arrecadado por hotéis, pousadas, restaurantes, agências de viagem, companhias aéreas, museus, lojas – enfim, todos os tipos de estabelecimentos que dependem da presença de público –, a cifra é gigantesca. A projeção da Fundação Getúlio Vargas Projetos é de R$ 161,3 bilhões de perdas até o final de 2021.

Retomada gradual

Se a interrupção das atividades foi repentina, a retomada será gradual. O cálculo da FGV se baseia na projeção de que os efeitos da pandemia no turismo doméstico se estenderão por 12 meses, e por 24 meses nas viagens internacionais. “É uma situação delicada e sem precedentes. Talvez só com a vacina tudo possa a voltar a ser como antes”, diz Nilson Bernal, consultor com mais de 25 anos no ramo do turismo e hotelaria.

A retomada do turismo será gradual, mas começa a dar os primeiros passos com o avanço da flexibilização de alguns estados em relação ao isolamento. O cenário, contudo, é de cautela. “Como as pessoas estão inseguras para usar avião, a tendência é de que, inicialmente, optem por viagens de carro, escolhendo destinos próximos de casa, para um fim de semana ou mesmo para um só dia”, avalia o consultor.

Esse fenômeno já está acontecendo. De fato, ocorreu aumento no movimento nas estradas. De acordo com o Índice ABCR, levantamento mensal da Associação Brasileira das Concessionárias Rodoviárias, em junho o fluxo de veículos leves nos pedágios registrou alta de 20,8% em relação a maio – ainda que, na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda seja de 29,2%.

Destinos próximos

Se as pessoas estão precavidas, os estabelecimentos que vivem do turismo precisam demonstrar o máximo de cuidado para atraí-las. “O jeito de receber mudou para que possamos conviver com a situação da melhor maneira possível”, diz Bernal.

Ainda que gradual, a retomada é um alento para os hoteleiros. Hotéis, pousadas e resorts que já puderam abrir as portas estão trabalhando com uma taxa de ocupação menor do que a capacidade e, além das medidas rigorosas de higienização e providências como o uso obrigatório de máscaras, muitos adotaram providências adicionais, a exemplo de medição de temperatura dos hóspedes, e redobraram a vigilância para evitar aglomeração nas áreas comuns.

Outra tendência é de que os viajantes escolham o destino com base na menor incidência da doença e privilegiem, também, locais que permitam maior contato com a natureza. “Nesses primeiros tempos da retomada, as escolhas não serão por centros urbanos, mas pelo campo, montanhas, fazendas, praias afastadas”, avalia o consultor.