Reconhecida por ter um dos trânsitos mais seguros da América Latina, Buenos Aires, capital da Argentina, acaba de definir a meta de reduzir em 40% suas mortes no trânsito até 2027.
Assim, a ideia é ir diminuindo gradualmente os índices até atingir 50% de redução em 2030, a meta da Década de Ação pela Segurança Viária (2021-2030), definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Atualmente, a cidade está na segunda revisão de seu Plano de Segurança Viária e trabalha para transformar seus indicadores de sinistros e óbitos no trânsito.
“Buenos Aires adotou o conceito Visão Zero, em que nenhuma morte no trânsito é aceitável. E, desde então, vem transformando sua realidade viária com base em dados, educação e gestão, ações feitas de forma transversal”, diz Bruno Rizzon, coordenador de planejamento da mobilidade do WRI Brasil.
Atuamente, a capital argentina tem uma taxa de 3 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes. Apenas como comparação, no Brasil é de aproximadamente 17 óbitos por 100 mil habitantes; já cidades que vêm trabalhando fortemente nesse sentido, como Fortaleza (CE), conseguiram reduzir para 5,5 mortes por 100 mil habitantes.
Foram, em 2023,104 mortes no trânsito registradas em Buenos Aires e, em 2024, o dado preliminar (ainda não consolidado) é de 103 óbitos no ano.
A redução dos limites de velocidade é uma das estratégias adotadas pela capital argentina para alcançar a redução das mortes no trânsito. Assim como em outras cidades latinas, o excesso de velocidade é a principal causa de sinistros. Já os motociclistas estão entre as principais vítimas fatais do trânsito.
“A readequação dos limites é vista como uma das medidas com maior potencial para salvar vidas no trânsito”, diz Rizzon. Sobretudo, explica o coordenador, quando vem acompanhada de fiscalização adequada e medidas de qualificação da infraestrutura viária.
Adicionalmente, Buenos Aires também prevê o aumento de 34% nas operações de fiscalização de velocidade. Assim, a cidade terá 50 novas câmeras para fiscalização, 30 cruzamentos críticos terão intervenções, assim como seis terminais de transporte público.
Esta é a segunda revisão do PSV da capital argentina baseado nas abordagens de Sistemas Seguros e Visão Zero. Eles partem do princípio de que as pessoas são passíveis de erros e lesões no trânsito.
De acordo com eles, a mobilidade precisa ser planejada para reduzir os riscos. “E essa responsabilidade precisa ser compartilhada entre usuários e gestores”, diz Rizzon.
A construção do plano foi coordenada pela Secretaria de Transportes do Governo da Cidade de Buenos Aires. Ela contou, também, com o apoio do WRI Brasil no âmbito da Iniciativa Bloomberg para Segurança Viária Global (BIGRS).
O novo plano prevê 48 ações distribuídas em quatro eixos: gestão da segurança viária; infraestrutura segura; fiscalização e veículos seguros; comunicação, capacitação e educação dos usuários das vias.
De acordo com o coordenador do WRI Brasil, esses eixos abordam importantes áreas de ação da segurança viária, como alterações das normas e seu controle, modificações em infraestruturas, planejamento de mobilidade sustentável, formação e sensibilização dos usuários e cuidados às vítimas.
“A revisão do plano adotada pela capital argentina é uma forma muito eficiente de contemplar as mudanças da sociedade. Assim, Buenos Aires revisita suas estratégias a cada dois ou três anos e pode corrigir rotas”, explica Rizzon.
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