Conheça o local onde nascem os Stock Cars

Zeca (à esquerda) e Zequinha Giaffone, da JL: daqui saem os carros da Stock Car. Crédito: Victor Eleutério

28/07/2021 - Tempo de leitura: 3 minutos, 15 segundos

Era o dia 22 de abril de 1979, uma data histórica. Naquele dia, no circuito de Tarumã, na Grande Porto Alegre, era disputada a primeira corrida do então Torneio Opala Stock Cars. No grid de largada, composto por dez carros, dois nomes figuravam na lista de pilotos, os dos irmãos Zeca Giaffone e Affonso Giaffone Junior. Affonso venceria a primeira corrida da categoria, com seu irmão Zeca finalizando na sétima colocação. Ninguém imaginava o tamanho da história que começava a ser escrita naquele dia.

Depois de 42 anos, a Stock Car é a mais longeva e profissional categoria do automobilismo brasileiro e uma das mais respeitadas no mundo. Seu grid atual de 32 carros – máximo admitido – reúne a nata da pilotagem, com vários jovens talentos e experientes pilotos com passagem pela Fórmula 1, Indy e categorias internacionais.

Se a pilotagem é refinada, o mesmo pode-se dizer da parte técnica. Em mais de quatro décadas, o desenvolvimento dos carros e dos materiais foi incrível. Dos Opala praticamente originais dos anos 1980, a categoria sempre contou com o apoio da Chevrolet, montadora que se confunde com a história da categoria. O passo seguinte foi adotar o Omega, em 84 até 99, um ano antes da estreia de um novo protótipo, que traria várias outras montadoras ao evento.

Negócio familiar

Dona de uma fundição, a família Giaffone sempre dedicou-se à metalurgia até venderem o negócio. Se a fabricação de perfis e fogões mudava de mãos, a paixão pelo automobilismo continuava mais acesa do que nunca. Com a terceira geração já acelerando nas pistas, Zeca Giaffone acompanhava os filhos Felipe e Zequinha nas corridas de kart até que, um dia, aquela veia industrial empreendedora saltou: “Vamos construir nosso próprio chassi!” Foi o começo de tudo.

Abastecendo o mercado de competição e, principalmente, os “karts indoors”, febre nos anos 80, a fábrica atual, inaugurada em 90, em Cotia, região metropolitana de São Paulo, estava a todo vapor. Em parceria com a Birel SPA (um dos maiores fabricantes de kart no mundo), a JL fortaleceu-se e entrou de vez no mercado de competição automotiva. Foram cinco anos conquistando campeonatos, nas diversas categorias do kartismo brasileiro.

Até que, um dia, “batem à porta” os organizadores da Stock Car, propondo a construção de um novo chassi tubular que substituiria o Omega, a partir de 2000. O projeto veio pronto, concebido pelo argentino Edgardo Fernández. Além do chassi, em 2001, a empresa passou a fornecer também os motores e, praticamente, todos os componentes mecânicos. Foi um sucesso.

Mas, em 2009, veio aquele gostinho de: “100% made in Brazil”. Era a estreia do chassi G-09, totalmente concebido e construído pela JL, utilizado por dez anos até sua substituição, em 2020, pelos carros atuais, Toyota Corolla e Chevrolet Cruze, que ainda são tubulares, mas utilizam os monoblocos dos carros de rua.

Futuro

Atualmente, entre vários projetos, a JL desenvolve um UTV de rali, com propulsão híbrida, que utiliza um motor Hayabusa – de moto – a etanol na traseira, mais motor elétrico dianteiro, em parceria com a CBMM, empresa brasileira, líder mundial no fornecimento de produtos de nióbio, atendendo mais de 400 clientes, em mais de 40 países.

Um Stock Car embarcando novas tecnologias de propulsão, em breve? A Toyota já comercializa o Corolla híbrido no Brasil e a Chevrolet oferece o Volt, 100% elétrico, ao mercado brasileiro. A categoria está atenta. “É algo que estamos estudando há algum tempo. Mas, dentro da realidade do País, em termos de mercado e expectativas do segmento de mobilidade”, afirmou Fernando Julianelli, CEO da Stock Car.

A possibilidade existe, a oportunidade também. Se depender das soluções da JL, não demora muito para presenciarmos mais um grande passo dado pela Stock Car Pro Series.