A implementação de corredores de ônibus é uma medida defendida por diversos especialistas em mobilidade, especialmente em vias com alta circulação de coletivos. Para mostrar que impactos a mudança traria, a Scipopulis, empresa de tecnologias para cidades inteligentes, simulou o impacto da criação de corredores em duas importantes avenidas da capital paulista: Faria Lima, na Zona Oeste, e Celso Garcia, na Zona Leste. A conclusão do estudo é que os corredores reduziriam em 13 e 8 minutos o tempo de viagem dos passageiros nessas vias, respectivamente. Hoje, o paulistano leva cerca de 26 minutos para percorrer toda a extensão da Avenida Faria Lima e 45 minutos no trajeto da Avenida Celso Garcia
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A simulação, feita em parceria com o Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil), concluiu que ambas as avenidas apresentam índices relevantes de lentidão entre as vias com alta circulação de ônibus coletivos, com médias de 12,4 km/h na Faria Lima e 12 km/h na Celso Garcia, índices registrados no pico da manhã. Pela Faria Lima circulam 28 linhas de ônibus todos os dias, transportando 324 mil pessoas. A Celso Garcia é rota de 35 linhas de ônibus, com 363 mil passageiros diários. O impacto positivo constatado pela Scipopulis seria bem-vindo, já que o paulistano gasta, em média, 1h47 para ir e voltar do trabalho todos os dias, segundo pesquisa da Rede Nossa São Paulo, de 2019.
Para Sergio Avelleda, diretor de mobilidade da WRI Brasil, corredores de ônibus exclusivos localizados à esquerda das vias proporcionam muito mais eficiência ao sistema de transporte público. “Embora as faixas localizadas à direita melhorem o tráfego de maneira geral, elas não se comparam aos corredores. Isso porque nelas os ônibus precisam reduzir a velocidade para que os veículos virem à direita para entrar nos prédios, sair das casas, fazer conversões de maneira geral”, afirma. Mas Avelleda alerta para uma característica importante da Avenida Celso Garcia. “Para fazer um corredor naquela via, seria preciso desapropriar uma das faixas à esquerda para acomodar o corredor de ônibus, o que é trabalhoso e caro. Mas, sem dúvida, seria um investimento que melhoraria a vida das pessoas”, afirma.
De acordo com Roberto Speicys, CEO da Scipopulis, os corredores são, de fato, obras caras e, por isso, recomendadas para trechos de viário que são utilizados por múltiplas linhas por onde são transportadas muitas pessoas, como as avenidas mencionadas no estudo. “Além disso, é importante que a área escolhida para implantação de um corredor seja bem estudada e analisada a fim de que o investimento não seja perdido. Para o planejamento efetivo dessas mudanças, é necessário o mapeamento das vias, principais áreas de circulação de coletivos e demais pontos de atenção”, afirma Speicys.
Uma das formas de analisar as informações e fazer simulações é por meio do painel Trancity, desenvolvido pela Scipopulis e disponibilizado, de forma gratuita, para que as prefeituras das capitais e principais cidades do País possam melhorar a gestão das frotas e da circulação, além de identificar essas vias e promover as adequações necessárias. De acordo com a empresa, o painel já está em uso em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis e Teresina e está em implementação em Porto Alegre, Fortaleza e São José do Rio Preto.
Além de mitigar a lentidão, o estudo também concluiu que a implementação dos corredores de ônibus teria impacto ambiental positivo, levando à redução nas emissões de CO2.
Na Faria Lima, de acordo com a Scipopulis, mensalmente, seriam retiradas da atmosfera 2,4 toneladas no horário do pico da manhã; e, na Celso Garcia, a redução chegaria a 5 toneladas.