A participação de mulheres motoristas em aplicativos de transporte no Brasil cresceu. Entre janeiro de 2019 e janeiro de 2023, o número de profissionais que utilizam o carro como ferramenta de trabalho aumentou em 50,3%. Os dados foram divulgados pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).
Além disso, durante esse período, o total de mulheres residentes no Estado de São Paulo que usam o carro para trabalhar subiu de 931.608 para 1.400.513. Segundo o Detran-SP, o número teve como base de cálculo as pessoas que registraram a observação ‘Exerce Atividade Remunerada (EAR)’ em suas Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH).
Neste contexto, as mulheres enfrentam desafios e buscam oportunidades no setor. Afinal, essa mudança de cenário promove equidade de gênero e traz opções mais seguras para mulheres que são passageiras.
Segundo Tatiana Bonifácio, gerente de marketing da Gaudium, startup focada nos mercados de mobilidade e logística, os desafios ainda existem. Contudo, as mulheres se adaptam diariamente para trabalhar como motoristas de app.
“Na minha visão o assédio e, principalmente, a sensação de insegurança que as motoristas podem ter durante sua jornada de trabalho, especialmente no período da noite, são os maiores desafios das motoristas hoje”, avalia.
Leia também: Decreto cria novas categorias de táxis e libera uso de pick ups
Tatiana aponta que, para fugir da insegurança, uma alternativa que muitas mulheres usam é não se forçar a trabalhar durante o fim da noite. Existem também os aplicativos que são exclusivamente para mulheres, ou que possuem categorias para atender somente a esse público.
“Os aplicativos devem fazer a sua parte para criar um ambiente de segurança e garantir que as motoristas tenham suas críticas e sugestões ouvidas. Além de acionar as autoridades em caso de suspeita de crime. Os donos de aplicativos devem procurar uma tecnologia que permita a criação de categorias exclusivas de transporte feminino, por exemplo, permitindo que as motoristas tenham a opção de transportarem apenas outras mulheres”, avalia.
Outro exemplo que Tatiana menciona é a funcionalidade de botão do pânico. Afinal, o recurso pode ser usado sempre que a motorista se sentir em perigo.
Ainda como medida de segurança, as empresas podem exigir foto dos passageiros na hora do cadastro no aplicativo. Além disso, a especialista aponta que é importante ter uma política de tolerância zero em casos de desrespeito a quem está dirigindo, sujeito a exclusão da conta.
Tatiana reforça ainda que o poder público deve ser mais incisivo nas questões que dizem respeito à punição de crimes contra a mulher. “Não pode haver o mínimo que seja de sensação de impunidade em casos de desrespeito à mulher, para que isso não se reflita nas mais diversas esferas sociais, inclusive dentro dos transportes”, pontua.