Descarbonização: frota de elétricos de SP é a maior do Brasil_JFDiorio_SECOM
Em meio às discussões da Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança Climática (COP-30), que começou nesta segunda-feira (10) e vai até o dia 21 em Belém, no Pará, o setor de transportes tem um papel importante. Afinal, ele responde por 53,3% das emissões do setor de energia no Brasil, segundo o Sistema de Estimativa de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Já o setor de energia é responsável por 20% do total de emissões do País.
A descarbonização do transporte público, ou o processo de substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia limpa para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa, é apontada por especialistas como um dos caminhos para cidades mais resilientes às mudanças climáticas.
Confira, a seguir, algumas iniciativas que apontam que a transição energética entrou, de fato, na agenda do transporte público brasileiro.
Embora ainda não represente nem 10% do total de ônibus na cidade de São Paulo – de acordo com a SPtrans, a capital tem 12.097 ônibus em circulação –, a frota de elétricos chegou a 1.009 veículos, e é a maior do Brasil.
O recorde foi atingido após a chegada no dia 3 de 60 novos veículos. Deste total, 820 são movidos a bateria e 189 são trólebus. De acordo com a prefeitura, 1,7 milhão de passageiros são transportados diariamente pelos ônibus elétricos, que atendem mais de 220 linhas em toda a cidade.
Assim, cada veículo movido a bateria evita a emissão de 87 toneladas de CO2 e deixa de consumir 35 mil litros de diesel por ano segundo a prefeitura.
No Fórum de Líderes Locais da COP-30, em 5 de novembro, no Rio de Janeiro, foi anunciado um fundo de crédito para destravar empréstimos privados para transporte público limpo nas cidades brasileiras até 2030.
“Trata-se de um mecanismo financeiro que vai colocar na mesa 450 milhões de euros, o que equivale a cerca de R$ 2,7 bilhões, para financiar 1,7 mil ônibus elétricos e infraestrutura de recarga em quatro cidades brasileiras até 2030”, explica Clarisse Linke, diretora do ITDP.
O ITDP desenvolveu o fundo junto a organizações como WRI Brasil, BTG Pactual, Mitigation Action Facility, C40 e Bloomberg Philanthropies. Dessa forma, as metrópoles contempladas são Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba.
O tema da descarbonização integra o Plano Clima Mitigação – Cidades, que atualmente está em fase de consulta pública. Ele aborda a mobilidade urbana sustentável como prioritária para a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Assim, entre os objetivos do plano está a meta de que, até 2035, pelo menos 35% da frota de transporte público seja movida a energias renováveis.
“Com essa inclusão, contudo, o governo sinaliza que as cidades e, em especial o transporte, têm um papel fundamental no cumprimento das metas climáticas do País”, diz Magdala Satt Arioli, gerente de descarbonização do transporte do WRI Brasil.
Outro avanço importante é a discussão sobre frotas limpas no estudo que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), junto ao Ministério das Cidades. Assim, ele define projetos prioritários para investimento em transporte público até 2054.
“No total são 197 projetos de transporte público de médio e alta capacidade em 21 regiões metropolitanas. Juntos, somam investimentos da ordem de R$ 434 bilhões”, diz Clarisse.
São exemplos obras de corredores de ônibus e VLTs (veículos leves sobre trilhos). E, de acordo com Clarisse, nesse caso já há uma discussão de que esses ônibus sejam de frota limpa, o que aponta para a descarbonização.
A priorização e o investimento em modais como metrô e trens, mais eficientes em termos energéticos e de emissões, também apontam para a descarbonização urbana.
De acordo com o relatório semestral da ANPTrilhos, no primeiro semestre foram inauguradas as estações Ambuitá e Varginha, na Região Metropolitana de São Paulo.
Elas foram incorporadas, contudo, respectivamente, às Linhas 8–Diamante e 9–Esmeralda. Com investimentos superiores a R$ 150 milhões, esses equipamentos ampliaram a cobertura da malha, com potencial de absorver mais de 50 mil passageiros por dia.
Merece destaque o contrato de concessão, também em São Paulo, das Linhas 11–Coral, 12–Safira e 13–Jade (Lote Alto Tietê). Dessa forma, ele prevê aportes de R$ 14,3 bilhões ao longo de 25 anos.
Além disso, na Bahia, Distrito Federal, Pernambuco e no Rio de Janeiro foram anunciadas medidas que somam mais de R$ 30 bilhões em investimentos potenciais.
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