Salvador é referência nacional em integração do transporte

Novas alternativas de pagamento e oferta de serviços nas estações atrairão ainda mais o público. Foto: Divulgação CCR.

06/02/2020 - Tempo de leitura: 4 minutos, 59 segundos

Sistemas de transporte público integrado, especialmente no que diz respeito à forma de pagamento, ainda são raros no País. Na maior parte dos casos, os diferentes serviços – ônibus urbanos, metropolitanos, metrô ou trens – dispõem de meios próprios de arrecadação, não aceitos pelos demais e sem integração tarifária entre eles.

A cidade de Salvador mudou essa realidade. O modelo introduzido na capital baiana permite aos passageiros embarcar em qualquer um dos meios, independentemente do bilhete eletrônico que possuem – Metropasse, Salvador Card ou CCR Metrô Bahia –, pagando apenas uma tarifa, conforme a regra de integração.

Além da economia proporcionada pela integração tarifária – os percursos combinados de metrô e ônibus têm custo de R$ 4 –, o benefício descomplicou o dia a dia do usuário, que necessita de apenas um cartão para pagar o transporte.

“O atual patamar de qualidade dos serviços de transporte de Salvador é fruto do alinhamento dos gestores e operadores envolvidos. O sistema foi pensado como um todo, com base em um atendimento compartilhado estabelecido em comum acordo entre os operadores.” Júlio Freitas, gestor de Arrecadação da CCR Metrô Bahia.

Governança autônoma

O modelo começou a ser construído em 2016, com a criação da Câmara
de Compensação Tarifária (CCT). Trata-se de organismo de gestão responsável pela administração dos recursos arrecadados e pagamento diário às empresas operadoras do serviço de transporte.

Em modelo inédito, operado pela iniciativa privada, o instrumento atua de maneira independente da gestão pública, com transparência e conformidade asseguradas por auditorias periódicas. Operada por competência delegada pelo Estado e funcionando como meio de conexão entre a autoridade pública e os operadores, a CCT pode ganhar novas atribuições além do papel atual, ligado à governança da arrecadação.

“A Câmara foi a catalisadora da integração entre os modais e viabilizou a interoperabilidade dos sistemas de pagamento, mas ainda tem ação acessória. Esta estrutura tem capacidade de atuar como um vetor de integração de todas as possibilidades disponíveis, a exemplo do patinete, do carro sob demanda, da bicicleta, dos motoristas de aplicativos, entre outros. Estamos no meio de um caminho para enxergar todos os meios de transporte como um serviço público”, observa Freitas. “No futuro, estrutura como a CCT pode até se tornar um negócio autônomo, mediante concessão pública.”

Origem

O surgimento da CCT coincidiu com o início das operações do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas, administrado pela CCR Metrô Bahia, do Grupo CCR. Composto hoje por 33 quilômetros e 20 estações, o eixo é estruturante do transporte público da Região Metropolitana de Salvador. Integrado a oito terminais de ônibus e contando com uma frota de 40 trens, o metrô baiano transporta em torno de 400 mil passageiros por dia.

As facilidades e a robustez da operação já permitem traçar planos mais ambiciosos para atrair o usuário exclusivo do carro, que se sente cada vez mais estimulado a deixar o veículo em casa e utilizar as opções de mobilidade disponíveis.

“Eliminar barreiras de pagamentos, além de criar condições para
integrar meios de transporte, estimula o motorista a deixar o veículo
em casa.”
Júlio Freitas

Números do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas

  • 33 quilômetro de extensão atual
  • 20 estações nas linhas 1 e 2 do sistema
  • 40 trens estão integrados a terminais de ônibus.

Como funciona a integração

O passageiro já dispõe de diferentes formas de pagamento e ganhará novas opções ao longo de 2020, incluindo um aplicativo.

  • Ônibus: Oito terminais estão integrados ao sistema
  • Metrô: As estações estão conectadas às linhas alimentadoras de ônibus
  • O preço para quem usa ônibus é o mesmo.

Novas formas de pagamento facilitam a vida do usuário

A CCR Metrô Bahia aceita cartões de débito e de crédito para carregamento dos bilhetes – operações que já representam 25% das vendas. Dispõe, também, de máquinas de autoatendimento, responsáveis por 40% das vendas.

A partir de janeiro, a empresa inicia a expansão da rede de vendas em estabelecimentos comerciais fora das estações. E está prevista ainda para o primeiro semestre de 2020 a opção de compra das viagens por aplicativo e na web.

“Em médio prazo, certamente serão incorporados outros meios de pagamento, como o QR Code e o pagamento por aproximação, o NFC”, adianta Freitas. “Como o metrô de Salvador opera nas principais
vias de congestionamento da cidade, facilitar o pagamento ajuda diretamente a diminuir o tráfego das ruas, pois estimula a utilização do modal pelos usuários do transporte individual.”

A operadora tem planos de tornar as viagens ainda mais convenientes ao usuário, incluindo a introdução de serviços públicos ou privados nas estações, a exemplo de postos bancários e serviços de emissão de documentos. Ao mesmo tempo, o governo da Bahia e a prefeitura de Salvador trabalham na ampliação do sistema, com a expansão da Linha 1 até Águas Claras, e na implantação do VLT (veículo leve sobre trilhos) e do BRT, sistema de ônibus que trafega em um corredor segregado.

“Nos próximos cinco anos, com o BRT integrado ao metrô e com
o VLT, Salvador terá um sistema muito eficiente e atraente ao usuário do carro.”
Júlio Freitas.

Por mais mobilidade

O desafio de fazer com que o cidadão substitua o automóvel pelo transporte público é pauta em discussão em todos os grandes centros urbanos do mundo. No Brasil, a Política Nacional de Mobilidade, instituída pela Lei 12.587/12, determina aos municípios a tarefa de planejar e executar projetos que priorizem o transporte público coletivo.