Se você ainda não ouviu falar sobre urbanismo tático, mas mora em meios urbanos, talvez já tenha esbarrado em alguma ação baseada nesse movimento. Trata-se de intervenções propostas pelas próprias pessoas que utilizam os espaços urbanos, para melhorar ou resolver problemas desses locais. Na maioria das vezes, são intervenções pontuais que demonstram o impacto positivo que causariam se fossem implementadas definitivamente.
No contexto da maioria das grandes cidades do mundo, como as do Brasil, em que o governo não consegue entregar serviços essenciais de qualidade a todos, como habitação e transporte, o urbanismo tático propõe a participação da comunidade nas soluções a esses problemas. Geralmente são ideias de baixo custo, fáceis de serem implementadas ou até mesmo temporárias.
Desde os anos 1950, já se discute nos meios de arquitetura e urbanismo a participação da população nos projetos urbanos. Mas foi só no início do século 21, mais precisamente na década de 2010, que esses debates começaram a ganhar forma de “urbanismo participativo”, “planejamento comunitário” e “urbanismo tático”.
Esse modelo vai na contramão do planejamento urbano estatal, que supostamente exige ações mais demoradas e burocráticas para algo que é urgente na comunidade. As soluções propostas pelo urbanismo tático são rápidas e colocadas em prática por profissionais especializados. Somente a população diretamente afetada pela obra é consultada na fase de implantação, momento em que as decisões já foram tomadas.
No também conhecido por “urbanismo faça-você-mesmo” e “acupuntura urbana”, a população é protagonista, seja para sugerir, colocar as ideias em práticas ou avaliá-las. Por esse motivo, o movimento é tido como uma forma de reapropriação do espaço urbano pelos seus usuários.
As ações do urbanismo tático são espontâneas, criativas e pontuais de pequena escala, mas visam algo muito maior: a mudança de comportamento e de cultura em longo prazo. Para isso, as intervenções buscam criar um ambiente melhor planejado e seguro, cujos resultados são vivenciados na prática e causem as mudanças necessárias.
Esse tipo de urbanismo objetiva que as pessoas possam aproveitar a cidade em comunidade. Sustentabilidade também é algo recorrente nas intervenções, porque o movimento entende que para viver bem nas grandes cidades é necessária a integração do urbano com a natureza, o que inclui o reaproveitamento de materiais.
Conheça alguns exemplos de intervenções do urbanismo tático:
Pinturas, grafites, artes de rua em muros, painéis ou no asfalto podem ser intervenções de urbanismo tático. Porque demonstram o quanto aquele espaço poderia ser melhor se fosse diferente. Expressões artísticas tanto podem ser decorativas, quanto funcionarem como sinalização daquele local, por exemplo.
Criar recursos públicos de acordo com a necessidade do local como bancos de praça, suportes para plantas ou lixeiras com materiais recicláveis – como paletes e estruturas metálicas reaproveitadas – são exemplos de aplicação do urbanismo tático.
Ampliação de calçadas e criação de ciclofaixas usando tintas e cones, por exemplo, são intervenções criadas quando há a percepção que o trânsito de carro ou pessoas está sendo prejudicado, em determinado local. E elas podem ser modificadas quantas vezes forem necessárias.