Lançada em 1993, a Ducati Monster completa 30 anos de sucesso em uma nova forma, mas mantendo sua essência. A nova geração da Ducati Monster desembarcou no Brasil no final do ano passado com preço sugerido de R$ 86.990. A naked abandonou o quadro em treliça e o monobraço traseiro, porém manteve as características que fazem dela um sucesso de vendas há três décadas.
Além de ser uma das precursoras do segmento de motos naked esportivas, a Monster é considerada a moto que salvou a Ducati da falência no início dos anos de 1990. Após 30 anos do surgimento da Monster 900 em 1993, quase 400 mil Monsters foram vendidas em todo o mundo.
A nova Monster também deixou de trazer a cilindrada no nome. Embora confunda os consumidores, a decisão se justifica, pois agora o modelo de 937 cm³ é a única Monster no line-up da marca italiana.
Assim como a Monster original, esta nova geração conta com um chassi derivado de uma superbike (naquela época era da 888, hoje é da Panigale). Entretanto, nem mesmo as esportivas da marca italiana usam mais o quadro em treliça.
Apesar de os fãs mais puristas torcerem o nariz, o novo quadro é mais leve, rígido e traz o motor como parte integrante da estrutura. Juntamente com a nova balança traseira de alumínio, a Monster “emagreceu” cerca de 18 kg em relação á antiga 821. Quem gosta de esportividade, já sabe: menos peso, mais diversão.
Além disso, a nova Monster usa um propulsor de dois cilindros em “L”, com 937 cm³ que também equipa a Multistrada 950. O famoso Testastretta 11°, um dos melhores produzidos pela Ducati atualmente, produz 111 cv de potência máxima a 9250 rpm, enquanto o torque máximo é de 9,48 kgf.m já a 6500 giros.
Entretanto, a frieza dos números não revela o comportamento apaixonante dessa naked italiana. Na prática, há bom torque em médios regimes e potência suficiente para ultrapassar a velocidade permitida em altos giros. O resumo do que deve ser uma naked esportiva. Quem ainda se lembra do quadro em treliça?
Contudo, algumas “características” ainda estão presentes. Em baixos giros, o motor é barulhento e esquenta bastante, o que incomoda no trânsito paulistano. Porém, na estrada, basta reduzir uma marcha no câmbio de seis velocidade com quickshifter bidirecional para ver o barulho e o calor desaparecerem e o ronco mudar, instigando a acelerar.
Bastante compacta, é difícil de acreditar que a nova Monster tem um motor de 937 cc. Afinal, parece muito menor do que isso. Apesar do assento a 820 mm do solo, é fácil colocar os pés no chão, pois sua “cintura” é muito fina.
A Ducati diz que a distância entre o assento e as pedaleiras é maior e a posição de pilotagem é mais vertical do que na geração anterior. Entretanto, após quase 200 quilômetros, tive outra sensação. Embora não seja desconfortável, senti-me inclinado para a frente com o nariz praticamente sobre a tela de TFT, colocando mais peso na dianteira. O queajuda a contornar curvas. Algo em que esta moto é muito boa, já adianto.
O tanque de combustível também é minúsculo, mas comporta 14 litros. Suas dimensões, contudo, se encaixam perfeitamente ao design da Monster, e mantém a moto leve o suficiente para uma pilotagem esportiva enquanto seu consumo bate 21 km/litro. A autonomia projetada seria de 241 quilômetros. Não é muito, mas o suficiente para um passeio de fim de semana. Além disso, o compromisso de manter o peso reduzido para se divertir nas curvas vale a parada extra no posto.
Com 188 kg pronta para rodar, a nova Monster tem um chassi compacto e com uma menor distância entre eixos. Com um comportamento ágil e até arisco, a naked italiana fica à vontade nas curvas. Embora as suspensões tenham ajustes apenas na pré-carga da mola, oferecem bastante equilíbrio e mantém a aderência dos bons pneus Pirelli Diablo Rosso III, mesmo em curvas de alta e com o acelerador aberto.
Mesmo com o bom conjunto ciclístico, a Ducati não economizou na eletrônica, para garantir uma rede de segurança ao motociclista. Apesar do minimalismo do Monster, seus criadores usaram muita tecnologia para torna-la mais segura, além de oferecer um bom nível de personalização para cada passeio ou piloto, tudo controlado por meio do painel com tela TFT colorida de 4,3”.
A tecnologia ride-by-wire permite três modos de pilotagem personalizáveis que possuem suas próprias predefinições; Sport, Touring e Urban oferecem configurações exclusivas para potência do motor, capacidade de resposta do acelerador, intervenção do controle de tração, ABS, levantamento da roda traseira e controle do wheeling. O modo urbano reduz a potência para 74 cv e deixa a resposta do acelerador mais suave – achei confortável para rodar na cidade.
Já na estrada, optei pelo modo Sport. Testei o ABS e o controle de tração no modo 1, que tem menos intervenção e, apesar de abusar do acelerador, ainda assim não consegui perturbar a estabilidade e a aderência da moto o suficiente para me assustar.
Apesar de ser a menor Ducati à venda no Brasil, não se pode dizer que a nova Monster é uma moto de entrada, como foi a 796. Afinal, trata-se de uma naked de 937 cc que custa R$ 86.990. O modelo testado (que aparece nas fotos) ainda tinha quase R$ 20 mil em acessórios.
Até entendo a natureza premium da marca, mas existem concorrentes tricilíndricas, como a nova Triumph Street Triple RS, que oferece tanta diversão quanto, mas por R$ 68.900. Ou ainda a Honda CB 1000R, que tem motor de quatro cilindros e 142,8 cv de potência, além de muita eletrônica, e custa R$ 78.780.
Entretanto, se você é fã da marca italiana, a nova Monster tem motor forte e uma pilotagem prazerosa para qualquer tipo de passeio – até mesmo no deslocamento urbano, é fácil de pilotar. Demonstrando que, mesmo após 30 anos de estrada, a naked italiana mantém a forma, mesmo que não agrade os mais puristas.