No Terminal Portuário de Manaus (AM), três novos guindastes se preparam para estrear em operações como descarregamento de navios, fazendo o içamento de contêineres gigantescos. A cena pode até parecer parte da rotina de mais um dia de trabalho no local se não fosse por uma novidade que chama a atenção: os guindastes são elétricos.
Os equipamentos foram adquiridos pelo Super Terminais, terminal privativo no Polo Industrial de Manaus, com mais de 25 anos de atuação no mercado de transporte e logística.
Os guindastes elétricos chegaram à cidade em setembro de 2022 e cada um deles pesa cerca de 600 toneladas.
“Eles são modelos ESP 10, com capacidade de elevação de até 125 toneladas e velocidade de 120 metros por minuto. O raio de alcance da lança chega a 64 metros, o que nos permite atender a navios maiores, com comprimento de 1.000 pés, o equivalente a 305 metros”, afirma Marcello Di Gregorio, diretor do Super Terminais.
O contrato de compra dos guindastes elétricos, fabricados pela empresa alemã Konecranes Gottwald, foi assinado em junho de 2021, e eles desembarcaram em Manaus em setembro do ano passado. Gregório explica que o intervalo entre a aquisição e a chegada se deve ao tempo de produção, à distância geográfica e aos desafios sempre existentes na logística amazônica.
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Depois disso, o processo de montagem dos guindastes seguiu um cronograma elaborado, detalhadamente, pelo fabricante, que inclui as ferramentas necessárias e o número de técnicos envolvidos no trabalho.
O início das operações dos guindastes elétricos acontece no momento em que o píer flutuante do Super Terminais está aumentando 180 metros, obra de expansão que será finalizada em dezembro. O píer receberá mais três módulos com 60 metros de comprimento e 24 de largura, criando mais espaço físico para o escoamento de cargas.
“Com isso, chegaremos a 14,4 mil metros quadrados de área, permitindo que quatro navios atraquem, simultaneamente, no terminal”, afirma o executivo.
Cada guindaste elétrico custa R$ 26,6 milhões, mas a empresa também adquiriu outros equipamentos que facilitam a entrega e o recebimento de cargas, como empilhadeiras Reach Stackers, Tugs Master e câmeras de alta resolução, totalizando um plano de investimentos de R$ 260 milhões nos últimos três anos.
“Além de melhorar a produtividade em 25%, os equipamentos tornarão nossas operações ainda mais sustentáveis. Com os guindastes elétricos, deixaremos de consumir 1,8 milhão de litros de diesel por ano, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera e colocando em prática nosso compromisso com a descarbonização”, celebra Di Gregorio.
Ao contrário dos automóveis elétricos – cada vez mais presentes no mercado brasileiro –, os guindastes elétricos não são alimentados por bateria de íons de lítio. Os guindastes convencionais geralmente são impulsionados pela mecânica de fluidos, na qual um conjunto de bombas hidráulicas, interligadas por mangueiras contendo óleo hidráulico, faz as operações de içamento e giro de carga.
“Nos equipamentos elétricos, um conjunto de motores elétricos atua diretamente nas funcionalidades de içamento e giro dos guindastes. O modelo ESP 10 é eletrificado por uma tensão de 13,8 kV, que passa por um transformador de 440 V, abastecendo os motores”, explica.
Os três guindastes elétricos alemães do Super Terminais se juntam a outros cinco equipamentos hidráulicos mecânicos, modelos FCC. Outra vantagem dos elétricos, em relação aos convencionais, diz respeito à manutenção. De acordo com Di Gregório, a redução no custo anual de manutenção será de aproximadamente 30%, número similar na relação entre carros movidos a bateria e com motor a combustão.
A chegada dos guindastes elétricos também mexeu com a rotina dos operadores e técnicos eletroeletrônicos, que precisaram passar por um programa de dois treinamentos intensos com o intuito de conhecer em detalhes o funcionamento das novas máquinas, antes de colocá-las em operação.
No Terminal Portuário de Vila Velha (ES) também há novidades. No dia 28 de agosto, foi anunciada uma nova rota comercial para a China, com o objetivo de facilitar a importação de carros elétricos para o Brasil. A iniciativa é resultado da parceria que envolve a Log-In Logística Intermodal, empresa de soluções logísticas, e o Cosco, grupo de transporte marítimo da China Ocean Shipping.
O terminal trabalha com embarque e descarga de navios, além de movimentação e armazenagem de contêineres de vários tipos de carga. Na América do Sul, apenas Chile e Equador oferecem essa operação, que chega como alternativa à escassez de navios especializados em transporte de veículos.
“A ideia é, também, fomentar a economia e os negócios entre Brasil e China, com a entrada de carros elétricos por Vitória”, afirma Gustavo Paixão, diretor de terminais da Log-In.
O projeto piloto começou em dezembro de 2022, com o desembarque de 600 carros. Ao trazer 8.000 importados até junho passado, o serviço foi considerado um sucesso e passou a ser oficial. Segundo Paixão, a expectativa é dobrar o volume de veículos elétricos transportados nos próximos seis meses.
A nova operação exigiu ajustes. “Cargas de alto valor, como carros que custam, em média, R$ 300 mil, precisam de aparatos e mecanismos de segurança mais robustos, a fim de evitar acidentes e avarias”, destaca Marhmed Hashemj, gerente comercial da Log-In.
Ele acrescenta que a rota e a parceria com a Cosco foram possíveis graças aos investimentos recentes de R$ 150 milhões no terminal capixaba, usados na modernização dos equipamentos e na instalação de novas tecnologias.