Aumentar o contingente de motociclistas profissionais em São Paulo é uma temeridade. O maior problema de segurança no trânsito do Brasil é o aumento expressivo de acidentes graves ou fatais de motociclistas. Enquanto o País reduz casos com carros, o número geral não caiu por causa das motos. Estaremos mais distantes da meta assumida com a Organização das Nações Unidas para reduzir essas mortes.
São ocorrências com custo social elevado. Pesquisas apontam que, em geral, a vítima tem de 20 a 35 anos. E com hospitais abarrotados de pessoas que sofreram acidentes de moto, diminui a chance de socorro a outros pacientes. E a recuperação é lenta.
Embora o contingente de hoje seja razoável, as pessoas que já andam de motocicletas fazem menos deslocamentos, como, por exemplo, de casa ao trabalho. Por se tratar de atuação profissional, o mototaxista fará um número de viagens muito maior, mais exposto a riscos.
O aumento de acidentes pode ter ainda impacto negativo para o fluxo de veículos, principalmente em grandes metrópoles. Sempre que existe acidente, há reflexo, como retenção do trânsito.
Além disso, em outros locais onde já existe a atividade, o usuário do mototáxi tende a ser de menor poder aquisitivo e já não utilizada veículo particular no transporte. Há risco de a expansão do serviço provocar queda de receita do transporte público e, consequentemente, de degradá-lo.
*FLAMINIO FICHMANN É ARQUITETO E CONSULTOR EM MOBILIDADE URBANA