Não é de hoje que muitas pessoas – principalmente, as mais jovens – abdicaram do desejo de ter automóvel, buscando mais praticidade e economia quando precisam viajar ou fazer deslocamentos mais longos.
Para elas e também para os que estão, momentaneamente, sem carro, em caso de manutenção, por exemplo, a locação se tornou uma solução bastante apropriada. Atenta a esse público, locadoras e empresas de mobilidade se inovam para cativar o cliente, e uma das recentes novidades é a incorporação de veículos elétricos nas frotas.
Uma das principais locadoras do Brasil é a Movida, que tem 195 lojas de aluguel de automóveis e 70 de venda de usados espalhadas pelo Brasil. Dona de uma frota de 95 unidades eletrificadas, a Movida começou, em dezembro do ano passado, um programa pioneiro de neutralização de carbono gradativa de sua frota, ao adquirir 70 veículos Nissan Leaf, que operam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
“Nossa missão é desmistificar o carro elétrico para o cliente, passar a confiança de que ele poderá viajar de São Paulo ao Rio sem medo de ficar com a bateria descarregada”, afirma Jamyl Jarrus, diretor de vendas e marketing da Movida. “Em oito lojas, oferecemos pontos de recarga de bateria gratuita. E todos os nossos carros vêm com carregador portátil para operação doméstica, em tomadas de 110 ou 220 volts. Somos espelho do mercado. Daqui a cinco, dez anos, haverá mais carros elétricos rodando no Brasil e, consequentemente, na nossa frota.”
Os preços para locação de curta duração, na Movida, variam de R$ 219 a R$ 300, por dia, que podem mudar conforme o período e os serviços contratados. A empresa também trabalha com a política de preços dinâmicos, conforme a oferta e a demanda locais, o tipo de produto e o tempo da locação. Com isso, o aluguel mensal do carro elétrico parte de R$ 4.000.
No entender de André Ricardo Vieira, CEO da consultoria Solution4Fleet, nos próximos cinco anos, a representatividade de veículos elétricos em relação ao tamanho total da frota de carros alugados no Brasil ainda será pequena, cerca de 2%, devido a três motivos principais: custo, poucos pontos de abastecimento e disponibilidade dos carros.
Mas ele vê esse mercado com otimismo. “Aos poucos, a variedade de modelos vem aumentando. Algumas locadoras têm grande preocupação com o aspecto ambiental e a redução da emissão de poluentes proporcionada pelos elétricos”, afirma.
“Oferecer veículos elétricos na frota é uma decisão irreversível”, acredita Luís Fernando Porto, CEO da Unidas, que disponibiliza esse tipo de automóvel, há mais de um ano, nos aeroportos e nas lojas da locadora. “Os clientes já estão começando a se importar com sustentabilidade e preservação do meio ambiente”, ressalta.
A Unidas tem à disposição modelos como BMW i3 e Golf GTE, mas Porto acredita que ainda levará um certo tempo para o volume de elétricos aumentar no mercado brasileiro. “Afinal, o etanol ainda é uma fonte energética viável no País”, justifica.
A startup Beepbeep possui uma frota de 100 carros, composta por 60 Caoa Chery Arrizo 5e e 40 Renault Zoe. Ela iniciou suas atividades em 2019 e, hoje, atende as cidades paulistas de São Paulo, São José dos Campos, Campinas, Indaiatuba e Jacareí, além dos aeroportos de Cumbica e Viracopos.
“O cliente paga por minuto de utilização do carro, em planos de até 48 horas”, diz André Fauri, CEO da Beepbeep. “O valor do minuto vai caindo de acordo com o plano.” A empresa não tem lojas físicas e o atendimento é feito por aplicativo, de maneira simples e rápida.
Basta o usuário fazer uma selfie e ter Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e cartão de crédito. “O veículo pode ser retirado em uma estação e devolvido em outra e a recarga é gratuita”, completa Fauri.
A praticidade de efetuar o aluguel por aplicativo também é o diferencial da User Car. Ela conta, hoje, com uma frota de 50 carros, composta por Renault Zoe e Chevrolet Bolt, com aluguel mensal de R$ 4.500 a R$ 5.000.
“Além da locação por um dia, temos um plano em que até quatro pessoas podem alugar o mesmo carro, durante um contrato de 12 ou 24 meses”, revela Marco Antonio Ferreira, diretor de tecnologia da Use Car. “Estudos mostram que um carro compartilhado tira 13 automóveis de circulação, reduzindo consideravelmente a emissão de gases tóxicos.”
As empresas de locação também oferecem soluções para frotas corporativas. Segundo Ricardo Soeiro, diretor-presidente da LM Frotas, essa eletrificação já é uma realidade no Brasil, que acompanha a tendência mundial de buscar eficiência energética de forma sustentável.
“No ano passado, a LM investiu R$ 1,5 milhão na compra de unidades do Nissan Leaf, iniciando a substituição de modelos com motor a combustão de um cliente que opera na área de energia elétrica”, revela Soeiro. Além da terceirização de veículos elétricos, a LM oferece assinatura mensal de veículos novos para uso particular, o AssineCar LM.
Nesse serviço, o cliente opta por modelos híbridos, como o Toyota Prius e o Toyota RAV4, e elétricos, como o JAC iEV40 e o iEV20, com mensalidades a partir de R$ 4.193.
“A locação diária de automóveis elétricos ainda engatinha, porque a estrutura de recarga não está consolidada, no Brasil”, destaca Paulo Miguel Junior, presidente da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla) e embaixador da Mobilidade do Estadão, entidade à frente de 800 filiadas, que movimentaram R$ 17 bilhões, em 2020. “Em um primeiro momento, esse serviço ficará mais forte na terceirização de frotas das empresas.”
Para ele, a demanda por carros híbridos crescerá mais rapidamente no mercado de locação do País. “Os híbridos são uma porta de entrada à adesão definitiva dos elétricos, e não deixa de ser alternativa interessante para a preservação do meio ambiente e a economia do bolso do usuário”, finaliza.
Ainda que timidamente, as montadoras começam a entrar na seara das locações e assinaturas de carros eletrificados para avaliar a viabilidade desse novo modelo de negócio. A Toyota criou a Kinto para cuidar do serviço de aluguel. Ela dispõe de dois serviços: o Kinto One, de gestão de frotas corporativas, e o Kinto Share, de compartilhamento de veículos via aplicativo.
Com foco nos clientes pessoa física, o Kinto Share oferece Corolla Cross, Corolla Sedã, Prius, RAV4 e modelos da marca Lexus, como UX 250h, NX 300h, RX 350L e ES 300h. Os preços das diárias dos modelos Toyota vão de R$ 290 a R$ 425, ao passo que os Lexus são alugados por R$ 540 a R$ 990.
A Renault tem o serviço Renault On Demand, oferecendo o novo Zoe E-Tech. Para o plano de 36 meses e limitado a mil quilômetros, por mês, o valor mensal é de R$ 3.890. A modalidade inclui revisões preventivas, gestão de documentos, seguro e assistência 24 horas.
Na Audi, o programa Audi Luxury Signature inclui os elétricos recém-lançados e-Tron e e-Tron Sportback, com valores para assinatura que partem de R$ 11.890, por mês. Os planos possuem duração mínima de 24 meses e contemplam até 2.000 quilômetros para rodar por mês.
Preços podem variar de acordo com o tempo de locação e o carro utilizado
Unidas
Golf GTE: diárias a partir de R$ 235
BMW i3: diárias a partir de R$ 240 ou R$ 4.999/mês
Toyota Corolla Altys Hybrid: a partir de R$ 2.959/mês
Osten Fleet
Mini Cooper S elétrico: R$ 5.950/mês
BMW I3: R$ 5.999/mês
Jaguar I-Pace SE: R$ 10.999/mês
Tesla Model Y Standard Range: R$ 12.950/mês
Tesla Model 3 Performance: R$ 15.960/mês
Mobility
Nissan Leaf: diárias a partir de R$ 265
Toyota Corolla Altis Hybrid: diárias a partir de R$ 295
Toyota Prius: diárias a partir de R$ 295
Toyota RAV4 Hybrid: diárias a partir de R$ 385
Lexus ES300h: diárias a partir de R$ 720
Beepbeep
Planos por tempo de locação
Até 3 horas: R$ 0,79, por minuto
A partir de 3 horas: R$ 0,65, por minuto
A partir de 6 horas: R$ 0,35, por minuto
A partir de 12 horas: R$ 0,25, por minuto
A partir de 24 horas: R$ 0,16, por minuto
A partir de 48 horas: R$ 0,15, por minuto