Metrô de Buenos Aires tem novo aumento no preço da passagem menos de um mês após o anterior

A elevação no valor da passagem ainda pode ser revertida na justiça. Foto: Divulgação/Subte Buenos Aires

03/06/2024 - Tempo de leitura: 3 minutos, 46 segundos

O valor da passagem de metrô em Buenos Aires saltou de 574 para 650 pesos (cerca de R$ 3,81) no último sábado (1º de junho). Ainda há incerteza se o segundo aumento em menos de um mês deve se consolidar, já que a Justiça da capital argentina emitiu uma medida cautelar que tenta suspender a mudança.

O aumento no preço da passagem faz parte de um plano de elevação gradual decretado em primeira instância no Diário Oficial da capital argentina. O objetivo é compensar o aumento nos custos de operação e retirar parte do subsídio na passagem dado pelo governo.

No dia 17 de maio o governo já tinha quadruplicado o valor da passagem. Além da elevação atual, um aumento final é previsto para agosto, quando a passagem deve chegar a 757 pesos. 

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Intervenções do Judiciário

Representantes da Frente de Esquerda (FIT) classificaram a mudança nos preços como “ilegal e fraudulenta” e recorreram à Justiça.

Por sua vez, a juíza Elena Liberatori, no dia 27 de maio, estabeleceu que a prefeitura da cidade apresentasse “um reajuste da tarifa do usuário que adote o critério de uma tarifa justa e razoável”, caso contrário, o preço da passagem poderia voltar ao valor de maio: 125 pesos.

A decisão da magistrada impunha também suspensão do aumento no dia 1º de junho e uma reavaliação dos preços em 10 de junho.

Em uma queda de braço, o governo de Buenos Aires, por meio de sua Procuradoria, manteve a elevação da passagem. De acordo com os representantes da capital argentina, a revogação da decisão da juíza deveria ocorrer frente “à inadmissibilidade da medida cautelar emitida e à evidente falta de verificação dos requisitos legais para sua origem, à arbitrariedade da medida e à ostensiva falta de fundamento”.

A Sbase, empresa responsável pelo metrô portenho, afirmou também que seu cronograma de elevação no valor da passagem é anterior à resolução judicial. Por isso, o aumento continua em vigor, pelo menos enquanto não houver nova decisão na Justiça.

Sobre as intervenções do Judiciário, Melanie Matos, usuária do metrô de 28 anos, afirma: “A verdade é complexa. Há uma inquietação geral entre os argentinos devido ao aumento de todos os preços, entendo que a intervenção do poder Judiciário tenha a ver com isso. Porém, também é verdade que o valor do bilhete estava muito desatualizado”.

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Como pensam os usuários do metrô de Buenos Aires?

Usuários não planejam deixar de usar o metrô, mesmo com aumento. Foto: Divulgação/Subte Buenos Aires

Catalina Puy tem 25 anos e trabalha como analista de marketing em uma empresa de brinquedos. A argentina usa o metrô quatro vezes por semana e diz que o aumento não teve muito impacto em suas finanças.

De acordo com ela, em entrevista ao Mobilidade, “para mim o valor é um preço racional. Já peguei metrô em outro país e a verdade é que o metrô da Argentina não tem nada a invejar”.

Hernán Etchaleco, de 45 anos, concorda e acrescenta que “a rede do Metrô não cresce há anos porque o valor da tarifa é muito baixo. Com esses aumentos, a passagem no metrô de Buenos Aires valerá 50 centavos de dólar, em janeiro estava 15 centavos. Um valor muito baixo que impede a melhoria do serviço”.

Etchaleco ainda ressalta que o aumento na passagem de metrô vem acompanhado de outras correções que amenizariam o impacto. “O novo valor ocorre após reajustes em outras áreas e reajustes salariais em abril”.

Por sua vez, Melanie Matos também ressalta que o metrô não foi o único a ter alta nos preços. “É mais um aumento, dentro dos aumentos generalizados de todos os bens e serviços na Argentina. Por enquanto, estou em condições de arcar com as despesas.”

Nenhum dos entrevistados planeja parar de usar o metrô. De acordo com Catalina, “o metrô é mais rápido que qualquer outro meio de transporte. Eles têm melhor frequência, são mais limpos e seguros. Em Buenos Aires acontecem muitas marchas e piquetes todos os dias. Então, às vezes, isso impede o deslocamento normal nas vias públicas, mas não afeta o metrô”.