Diante da crescente preocupação com o aquecimento global e a procura por fontes de energia sustentáveis, empresas do segmento de transporte ou aquelas que têm logística como competência estratégica passaram a eletrificar suas frotas.
Mais do que demonstrar à sociedade sua preocupação com os caminhos do planeta, as frotas elétricas se provaram vantajosas em termos de eficiência e lucratividade devido às vantagens no custo total de operação.
Ainda que os veículos elétricos de entrega (vans e/ou pequenos caminhões) custem 60% mais do que um similar a combustão, a economia no uso de energia versus combustível é de 70% e de 75%, ante os custos de manutenção, por não haver substituição dos filtros de óleo, ar, combustível e lubrificantes, peças e componentes de desgaste típicos dos veículos convencionais.
O que já era realidade para o setor de logística se tornou opção atrativa para o transporte de passageiros – motoristas de aplicativos e táxi –, que rodam altas quilometragens. O aumento na malha de recarga e a chegada de veículos mais competitivos mostraram-se alternativas viáveis também para os carros de passeio.
Por essas vantagens, o brasileiro está aderindo à mobilidade elétrica. Só nos primeiros oito meses de 2023, o mercado de veículos eletrificados leves, no Brasil, emplacou 49.052 unidades, um crescimento de 76% face o mesmo período de 2022 (27.812), segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Apesar dos recordes sucessivos, ainda existe resistência de governos e parte do empresariado, ao defender tecnologias obsoletas, sob falsas alegações de soberania nacional e empregabilidade. Lutar contra os elétricos não é proteger a maioria, e sim salvaguardar o interesse de um número reduzido de empresas internacionais que se preocupam mais em manter suas margens de lucro sem o esforço da competição saudável do que com os rumos do Brasil frente à iminente agenda internacional da eletrificação das frotas.
As recentes afrontas do governo de São Paulo e Minas Gerais ao mercado de veículos elétricos são prova disso. Ao vetar a isenção de IPVA para carros elétricos, o governo de São Paulo dá um tiro no pé. Não faz sentido fomentar apenas veículos indisponíveis para venda, como os movidos a hidrogênio, ou mesmo carros potencialmente poluidores, como os flex. Se o intuito é privilegiar a tecnologia local paulista, vale mencionar que 30% da energia elétrica destinada aos veículos elétricos no Estado é produzida da biomassa da cana-de-açúcar.
Já Minas Gerais, protagonista histórica na mineração, apesar de possuir uma das maiores reservas essenciais para a cadeia produtiva de eletrificação, vem praticando protecionismo aos veículos a combustão, com justificativas infundadas sobre perda de postos de trabalho e arrecadação de tributos, abdicando do potencial do Estado para a geração de emprego e renda no setor de mobilidade elétrica.
A mobilidade elétrica está transformando a indústria nacional com investimentos pesados de multinacionais em novas plantas e tecnologias. O ecossistema da mobilidade elétrica é reconhecido internacionalmente por criar empregos ultraqualificados e movimentar uma extensa cadeia produtiva, com posições que vão da indústria de infraestrutura de recarga elétrica ao setor de mineração.
A eletrificação de frotas não é apenas uma tendência passageira como também representa um passo crucial em direção a um sistema de transporte mais limpo e responsável. É uma peça do quebra-cabeça para um futuro mais sustentável.
À medida que avançamos em direção a um transporte mais limpo, é imperativo que empresas, governos e indivíduos continuem a colaborar e inovar para enfrentar os desafios da eletrificação de frotas.
É importante que o Brasil aceite a oportunidade que o mundo está oferecendo e se transforme em um polo de inovação em mobilidade e no setor de energia elétrica e renovável. Com determinação e esforço, podemos criar um mundo em que a mobilidade sustentável dê o tom a uma nova narrativa, beneficiando não apenas o meio ambiente mas também a qualidade de vida das gerações presentes e futuras.
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