Os entregadores também conquistaram seu espaço digital. É o caso de João da Nica e Rizolito Motoboy. Ambos acumulam exatos dez anos de serviço de entregas nas costas, com dezenas de milhares de quilômetros rodados.
Mas eles têm perfis e histórias distintas. Enquanto João encarnou o lado satírico da profissão, com quadros e musiquinhas simpáticas, como o “sinal amarelinho” (uma paródia do clássico infantil, Pintinho Amarelinho); Rizolito encarna o papel de “cachorro louco”, tão conhecido por rodar até a exaustão pelas ruas da capital.
A seguir você conhece mais sobre esses dois entregadores influentes:
Com o segundo nome adotado da esposa, o campinense João, de 46 anos, começou a fazer vídeos encarnando o personagem de um bem-humorado motoboy há cerca de seis anos. “Fiz cerca de 200 sketches que foram surgindo durante as entregas que fazia. Em algumas delas eu pregava uma ostentação às avessas, uma sátira para o Facebook na qual fingia estar em locais famosos como Nova Iorque (com a estátua da Havan em Hortolândia ao fundo), entre outras, como um inspetor para seleção para vaga de motoboy, bem debochada”, conta.
A idéia foi tão espontânea e deu tão certo, que a fama apareceu na forma de 488 mil seguidores. Além disso, vieram convites para entrevistas na TV e também para apresentações em stand ups de humor, nos quais João se apresenta até hoje.
Com a fama, a moto XRE 300 ficou de lado por um tempo e João seguiu na carreira de ator e comediante. “Atualmente consigo me manter com o que arrecado em Facebook, YouTube e outros canais sociais, além de participar de stand ups e, às vezes, ser convidado para marcar presença em eventos”, explica.
Para dar conta do contrato de entregas nas duas empresas que atendia, colocou o camarada “Batatinha” para atender.
Se ele tem saudades da pista como motoboy? João da Nica não demora para responder: “Pior que tenho. Tanto que, às vezes, quando pinta uma entrega urgente e estou em Campinas, subo na moto e vou lá entregar. É sempre bagagem para minha carreira; sem contar que adoro um vento no rosto”, completa.
Para Ewerton de Lima Pereira, vulgo “Rizolito”, de 31 anos, a ideia de iniciar sua vida como digital influencer se deu por causa da falta de valorização da profissão. “Tive uma empresa de motoboys, que acabei vendendo, e voltei a trabalhar como entregador por conta própria. Peguei uma câmera que tinha e comecei a filmar meu dia a dia. Nesses vídeos, resolvi mostrar como é o trabalho de um motoboy, e que é possível sustentar uma família fazendo entregas”, relembra.
A bordo de sua moto Honda CG, a “Rizolete”, Rizolito revela os perigos e a adrenalina do dia a dia em seus vídeos (como no vídeo Treta Feia com Bombadão em que, apesar do nome, você descobre que Rizolito só brigou duas vezes na vida “e nas duas eu apanhei”); além de compartilhar outros mais polêmicos, como manobras de moto, acidentes ou mesmo alguns mais cômicos.
Veloz na moto e nas respostas, ele explicou quanto à rentabilidade da vida digital: “Ainda estou crescendo como youtuber, portanto tenho pouco dinheiro para retirar no acumulado desses dois anos como influenciador. Mas compensa pela ajuda que vem de permutas que tenho com marcas de moto peças e também de roupas. Praticamente não gasto com a manutenção do meu instrumento de trabalho, a moto”, revela.
Um amante das motocicletas e da “adrenalina da vida sobre elas”, Rizolito segue firme em seu canal no YouTube. Hoje beira 36 mil seguidores e sempre tem novas histórias para contar, nesta vasta quilometragem que liga as entregas entre Osasco e a capital paulistana.