Nos últimos anos, o uso da bicicleta passou a ser muito mais comum e tem sido bem mais constante no cenário urbano. Esse acentuado uso das bikes como meio de transporte e lazer propiciou o surgimento de empresas que oferecem o serviço de compartilhamento. Essa iniciativa deu tão certo que condomínios residenciais e comerciais também passaram a oferecer o serviço.
“São soluções paralelas aos sistemas públicos e que mostram o envolvimento coorporativo na melhoria da mobilidade urbana de seus moradores e funcionários”, destaca Pedro Monteiro, sócio da Tembici, a maior empresa de compartilhamento de bicicletas do Brasil, com 8 mil bikes em operação no País – incluindo as patrocinadas pelo Itaú Unibanco.
Aliás, foi a Tembici que implantou bicicletas compartilhadas no Rochaverá Corporate Towers, na zona sul de São Paulo. O serviço, que incluiu seis bikes mecânicas e três elétricas, opera todos os dias das 6h às 22h. O condômino nada paga – só precisa fazer um cadastro que custa R$ 1 –, pode usar a bike por até duas horas e deve devolvê-la no próprio empreendimento. Aos sábados e domingos, o condômino pode retirar até duas bicicletas para passear pela cidade.
Desde 2012, a incorporadora Vitacon – que vende imóveis compactos, com plantas que medem, em sua maioria, de 10 a 50 metros quadrados – entrega condomínios residenciais já com bikes compartilhadas. Na cidade de São Paulo são cerca de 45 empreendimentos que oferecem o veículo aos moradores.
Há uma média de 10 a 15 bicicletas por condomínio, além de capacete e ferramentas de uso comum. “Oferecemos também manutenção periódica para que as bicicletas estejam sempre em boas condições”, explica o CEO da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel. Não há custo para os moradores, mas as regras de utilização – como o tempo máximo de uso – podem variar a depender do condomínio. “Os moradores dos nossos imóveis gostam desta comodidade e cuidam bem tanto das bicicletas quanto dos equipamentos”, diz Frankel.
Bicicletas estão cada vez mais frequentes na paisagem urbana, mas ainda têm muito espaço para conquistar no trânsito cotidiano. Cerca de 400 mil pessoas usam uma bike no seu dia a dia, ante 38,1 milhões que viajam com algum tipo de transporte motorizado, segundo a pesquisa Origem/Destino do Metrô de São Paulo.
A ativista em defesa do ciclismo nas metrópoles Renata Falzoni considera que faltam políticas adequadas para proteger e valorizar usuários dos chamados transportes alternativos. “No fundo, os veículos a motor continuam sendo a base de todo o transporte urbano, o que é um erro grave”, diz. Com o início da verificação das alterações climáticas, no começo do século 21, as bicicletas – que estavam quase extintas em cidades como São Paulo – retornam aos espaços públicos reivindicando seu direito ao trânsito urbano como fortalecimento da cidadania e da democracia.
“NÃO HÁ SOLUÇÕES ISOLADAS PARA RESOLVER A QUESTÃO DA MOBILIDADE URBANA”, Renata Falzoni
Este material é produzido pelo Media Lab Estadão.