Com a adoção cada vez maior do comércio online, especialmente a partir da pandemia, o cliente abandonou a tradicional prática de sair da loja física já de posse de sua nova aquisição, mas não desistiu do desejo de saber exatamente onde está sua compra.
É aí que entra a tecnologia. Se o e-commerce não permite que o consumidor compre e desembrulhe sua mercadoria na velocidade que o cliente gostaria, ao menos é possível acompanhar onde exatamente ela se encontra, e quando deverá ser entregue.
De acordo com o diretor de operações de e-commerce da DHL, Felipe Werner, a multinacional tem investido em inteligência artificial (IA) para melhorar a previsibilidade da cadeia, da compra à entrega.
“A tecnologia é um investimento que vem (crescendo). Ela traz qualidade para a entrega, e ajuda a localizar o produto em estoque que esteja mais próximo do cliente”, afirma o diretor da DHL, empresa líder global no setor de logística, com cerca de 395 mil funcionários em 220 países.
Entre as duas datas mais importantes do ano para o e-commerce – a Black Friday e o Natal -, Werner diz que o segmento de logística vive em constante aprimoramento, e que toda a operação é estudada com muita antecedência. “A Black Friday deste ano na prática começou (a ser planejada) desde a Black Friday anterior.”
Em recente relatório divulgado pela empresa, denominado Visão Computacional Baseada na IA, a DHL informa que a tecnologia visual da inteligência artificial se tornará um meio padrão de operação no setor logístico nos próximos cinco anos.
Segundo a DHL, a visão computacional é um campo da IA que permite que computadores e sistemas extraiam informações essenciais de imagens, vídeos e outros dados visuais.
Apoiada na previsão de especialistas, a empresa informa que o mercado de visão computacional projeta aumento das vendas na ordem de quatro vezes em dez anos, passando de US$ 9,4 bilhões em 2020 (R$ 46,4 bilhões) para até US$ 41,11 bilhões (R$ 203 bilhões) em 2030. A visão computacional pode melhorar a eficiência, poupar tempo, aumentar a sustentabilidade e reduzir custos.
De acordo com Werner, ano a ano as lições aprendidas e o aprimoramento da tecnologia aumentam a eficiência do processo. “Está todo mundo aprendendo com a tecnologia, É uma área rica de dados.” O executivo diz que, para a operação funcionar adequadamente, vários sistemas têm de se comunicar, entre os quais os que envolvem planejamento de demanda, de warehouse management (gestão do armazém), assim como o planejamento de entrega. “O controle de pedido do início ao fim dá visibilidade única para a indústria, para o varejista e para o consumidor final”, garante.
Na DHL, a frota é monitorada por meio de uma central, a “torre de controle” que gerencia o trajeto e garante a eficiência. Entre as funções da equipe está a de garantir que os veículos percorram o menor trajeto, para que a entrega seja feita no menor tempo possível.
Segundo o executivo, o investimento em IA trouxe “maior acuracidade” à logística de entregas. “A pandemia acelerou a maturidade do e-commerce.” De acordo com ele, a tecnologia monitora as condições de segurança da frota, incluindo a velocidade dos veículos e a forma como os motoristas dirigem.
“A constância (no modo de dirigir) é o que traz economia”, afirma, referindo-se a consumo de combustível. Embora não tenha revelado números, Werner garante que a tecnologia aplicada ao gerenciamento de frota resultou em economia de combustível, redução de acidentes e de roubo de carga.
Para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, a empresa – que tem no Brasil uma frota de mais de 8 mil veículos (entre veículos próprios e terceirizados) – conta com 85 veículos elétricos no País. Werner informa que a frota elétrica é conduzida por mulheres. Ele diz que a meta da multinacional é zerar suas emissões até 2050. Além dos caminhões, a frota elétrica da DHL utiliza furgões para entregas urbanas (a chamada “last mile”, a parte final da entrega). Há também motos e bicicletas.
Globalmente, a DHL Supply Chain anunciou neste mês que fará a transição de cerca de 2 mil veículos de motores convencionais para alternativas mais ecológicas, como hidrogênio, biogás, eletricidade e óleo vegetal tratado com hidrogênio. De acordo com cálculos da empresa, a iniciativa promete reduzir quase 300 mil toneladas de emissões de CO2, o equivalente às emissões produzidas por 2.200 caminhões que percorrem, cada um, 500 quilômetros por dia em um ano. A nova política abrange 17 países com as maiores pegadas de emissões, incluindo o Brasil.
Embora seja intermediária especializada no transporte de produtos entre empresas e clientes finais, a DHL tem investido em pontos de armazenamento nas principais cidades brasileiras. De acordo com Werner, a estratégia é “acomodar clientes (empresas) de diversas marcas, principalmente as que não têm capacidade de investir de modo individual”.
Com isso, o executivo garante que a empresa ganha em escala. Ele estima que, com as novas operações para o e-commerce, a previsão é de crescer 40%.
Ainda segundo suas projeções, o e-commerce como um todo deve crescer cerca de 15% em relação a 2022. Só em novembro, ele diz que o segmento registrou aproximadamente 35% de alta.