Pessoas com autismo, surdocegueira, deficiência física com alto grau de severidade e dependência e quem possui transtorno do espectro autista (TEA), do município de São Paulo, podem contar com o transporte gratuito do Serviço de Atendimento Especial Atende+ para seu tratamento. Gerenciado pela São Paulo Transportes (SPTrans), ele foi criado para atender pessoas que não possuem condições de utilizar a rede convencional.
Hoje, fazem parte da frota 540 veículos adaptados, que rodam cerca de 1,7 milhão de quilômetros, por mês. De acordo com a prefeitura de São Paulo, para solicitar o atendimento, os usuários precisam preencher um cadastro, que dá direito a uma programação pré-agendada de viagens gratuitas, usado para tratamentos de saúde, reabilitação, além de deslocamentos para escola e trabalho. O serviço tem 98% de aprovação das pessoas.
São três situações em que os usuários cadastrados podem agendar o transporte: atendimento regular (como terapias pré-agendadas), eventual (como consultas esporádicas e exames) e eventos aos finais de semana, específico para atividades culturais e de lazer. De acordo com a SPTrans, toda a logística é planejada considerando locais de origem, destino e horários dos compromissos, e, em alguns casos, o motorista pode aguardar enquanto o usuário é atendido.
Desde agosto de 2021, todas as ferramentas disponíveis para agendamento pelos usuários foram digitalizadas, e as solicitações de viagens, inscrições, bem como alterações cadastrais e reativações de transporte, passaram a ser feitas pelo site do Atende+. De acordo com a SPTrans, a medida deu mais agilidade à iniciativa, que, entre janeiro e julho deste ano, contabilizou quase o dobro de atendimentos (veja no destaque).
Embora tenha esclerose múltipla, Maria de Fátima da Silva Lima, 50 anos, utiliza o serviço para acompanhar a rotina de tratamento de sua filha, Viviane Aparecida Lima, 28 anos, cadeirante em decorrência de um atropelamento, ainda na infância, quando a menina tinha 7 anos.
“Conheci o Atende+ em 2002, e, desde então, uso com muita frequência, em média quatro vezes por semana. São dois dias para a fisioterapia, um para ir à escola e usamos também aos finais de semana para alguma atividade de lazer”, conta.
Moradora no Morro Doce, bairro da região noroeste da capital paulista, ela explica que, se não fosse essa opção de transporte gratuito e acessível, não poderia proporcionar o tratamento que sua filha recebe, hoje. “O serviço do Atende+ é maravilhoso e ajuda quem mora nas periferias, onde a acessibilidade é mais complicada. Só vejo que, depois que começou a atender pessoas com transtornos do espectro autista (TEA), ficou mais sobrecarregado”, conta.
Uma das fundadoras do Instituto da Pessoa com Deficiência da Anhanguera (IPDA), que fomenta a inclusão, Fátima, como é conhecida na comunidade, também organiza grupos para visitas a eventos e atividades culturais, sempre usando o transporte que é gerenciado pela SPTrans.
“No último final de semana de agosto, levei uma turma grande, transportada por 62 vans do Atende+, à Realtech, feira de tecnologias em habilitação. Foi muito interessante”, conta. Ela acrescenta que seria muito bom se o número de viagens eventuais, que são as reservadas para atividades de lazer e culturais, aumentasse.
De acordo com ela, é importante que a sociedade civil se organize para cobrar dos governantes a ampliação de uma iniciativa como o Atende+. “Acredito que o número de veículos em atendimento deveria aumentar. O positivo é que ele foi criado por uma lei, então, o serviço não pode ser descontinuado por uma ou outra gestão”, finaliza.
Serviço de Atendimento Especial Atende+: www.sptrans.com.br/atende
O Atende+ foi criado por intermédio do Decreto nº 36.071, de 9 de maio de 1996. Atualmente, o serviço é regido pela Lei Municipal nº 16.337, de 30 de dezembro de 2015
Confira os números de atendimentos do serviço*
2021: 375.672 (219.390 PCDs e 156.282 acompanhantes)
2022: 702.491 (397.468 PCDs e 305.023 acompanhantes)
* Período: de janeiro a julho