Novo bonde elétrico que se move em "trilhos virtuais" deve iniciar operação em novembro. Foto: Felipe Henschel/AEN
A China, que constantemente traz inovações em transporte urbano, já possui um bonde elétrico com pequenas rodas de borracha que funciona com “trilhos virtuais”, que são faixas colocadas ao longo das vias com sensores eletromagnéticos embutidos que “guiam” o caminho do veículo pelas cidades. O projeto começou em 2019 e já se consolidou em cinco cidades do país.
Esses “trilhos virtuais” são faixas com sensores que conectam-se ao transporte por indução eletromagnética e determinam o caminho percorrido, dispensando linhas férreas. O bonde é totalmente elétrico, tem recarga rápida e tecnologia para ser totalmente autônomo além de atingir uma velocidade máxima de 70 km/h e possuir autonomia de rodagem de até 40 km com a carga cheia.
Leia mais: Entenda como vai funcionar o bonde urbano com trilho ‘virtual’ lançado no Paraná
Produzido pela companhia chinesa CRRC, o transporte modular pode conter de dois a cinco carros na sua extensão, e comporta em média cerca de 280 passageiros quando estiver com três módulos.
Segundo a empresa, a ideia é que o modal seja uma solução para cidades de pequeno e médio porte, a fim de contribuir para o sistema de transporte público já instalado nas regiões. A CRRC afirma também que devido a não necessidade de estradas de ferro nas vias, a implementação desse modelo reduz tanto o tempo de conclusão das obras quanto as emissões de CO2 na construção.
No país asiático, as cinco cidades que operam com o transporte possuem, em conjunto, uma malha de mais de 140 km ao longo de dez linhas construídas. Os testes já passaram dos 25 milhões de quilômetros rodados, atendendo 35 milhões de passageiros nesses 6 anos de operação.
Na região metropolitana de Curitiba, no Paraná, o Governo do Estado está introduzindo o bonde como teste para associá-lo à Rede Integrada de Transportes da região. A rota percorrida pelo veículo terá como origem do Terminal de Pinhais, passando pela Avenida Ayrton Senna da Silva e a Rodovia Dep. João Leopoldo Jacomel até chegar ao Terminal São Roque, em Piraquara, de maneira direta, em uma extensão de cerca de 10 quilômetros.
Chamado de Bonde Urbano Digital (BUD) aqui no Brasil, o meio de transporte será recarregado por pantógrafos aéreos (dispositivo instalado no teto de trens e bondes elétricos para coletar energia elétrica da rede aérea) ao longo da operação, além de receber carga na garagem de Piraquara. Na cidade, os testes contarão com presença de motoristas, apesar ter tecnologia autônoma para poder dispensar condutores.
Leia também: Conheça o Bonde Digital Urbano sem trilhos em fase de testes em Curitiba
Vários prefeitos de cidades do Brasil procuraram o governo do Paraná com planos para implementar o bonde em suas regiões. Fora do país, Buenos Aires e Córdoba, na Argentina, além de representantes da Costa Rica, Colômbia e Chile, também demonstraram interesse em adotar o modelo.
A previsão é que o veículo comece a operar em novembro deste ano. O projeto tem como referência a cidade de Campeche, no México, o 1º sistema implantado na América do Norte, que está em operação comercial desde junho deste ano, com uma linha guiada de 15 quilômetros.