Abrigos que aceitam pets atraem quem está em situação de rua

Município do Rio Grande do Sul acolhe moradores em situação de rua e animais de estimação Foto: Acolhida do Bem/ Guilherme Pereira

15/08/2022 - Tempo de leitura: 2 minutos, 56 segundos
Reportagem de Renata Okumura, O Estado de S. Paulo

A impossibilidade de levar animais de estimação para os casas de acolhimento e albergues costuma fazer com que muitas pessoas em situação de rua não aceitem dormir em abrigos municipais, mesmo nas noites frias de inverno. Para reverter esta situação, a cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul, resolveu liberar a entrada dos pets junto com os donos.

Prestes a completar dois meses, a iniciativa Acolhida do Bem já realizou cerca de 3.781 atendimentos. No local, todos são abrigados do frio e recebem alimentação e têm acesso a serviços assistenciais. A acolhida acontece diariamente no ginásio do Colégio São Paulo, cedido pela Fundação LaSalle.

Gilson Machado de Lima, 37 anos, durante a semana limpa vidro dos carros na sinaleira. Aos sábados e domingos, ele cuida de carros na rua. À noite, busca acolhimento para ele e seus animais de estimação, a cadelinha Lady e o cachorro Zoreia, ambos castrados e cuidados pela Secretaria Especial de Bem-Estar Animal (Sebea).

“Tanto eu quanto a Lady e o Zoreia somos muito bem atendidos. Acho muito legal esse atendimento que fazem para os animais, é muito bom. Sem eles, fica mais difícil de a gente vir, não tem como deixar eles para trás. São meus companheiros”, afirmou ele.

O abrigo tem capacidade para atender 150 pessoas diariamente. Além de receber duas refeições diárias, os usuários podem dormir, tomar banho e usar vestiários. O apoio de assistente social, psicólogo e educadores sociais faz parte do programa.

Dinâmica de atendimento — Todos os dias, os portões do colégio são abertos às 18h para receber as pessoas que precisam de acolhimento. Todos passam por uma triagem, realizando o teste de covid-19, requisito para poder entrar no local. Eles recebem roupas limpas, toalhas de banho e produtos para higiene pessoal.

Todas as terças e quintas-feiras a Sebea realiza atendimentos veterinários no local. “Conversas com os tutores sobre a saúde dos bichinhos e cuidados necessários são realizadas. Vacinas polivalentes e vermífugos são aplicados”, informou a prefeitura.

Os animais que não são castrados são encaminhados para a realização do procedimento. Ao todo, até o momento foram realizados 48 atendimentos. No ginásio, os pets recebem diariamente água, ração e uma cama quentinha para passar a noite.


ACOLHIMENTO DE PESSOAS E PETS NA CIDADE DE SÃO PAULO

Por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), a cidade de São Paulo oferece 121 vagas para animais de estimação em 11 centros de acolhida, incluindo dois serviços emergenciais montados para o período da Operação Baixas Temperaturas (OBT), com 30 vagas.

Desde 2017, a secretaria afirma que recebe os pets das pessoas em situação de rua em serviços especializados, visando ao maior aceite no acolhimento. “Os animais são acolhidos em canis individuais, onde há ração e água. Quando a pessoa é acolhida por um período maior, os animais recebem cuidados, como banho e consultas com veterinário, quando necessário”, diz a Prefeitura em nota. A seguir, os centros de acolhimento que podem receber animais em SP.

  • Centro Temporário de Acolhida (CTA): Aricanduva (23 vagas), Butantã (10 vagas), Lapa (10 vagas), Brás (6 vagas), Santana (8 vagas), Prates I e II (10 vagas), Brigadeiro Galvão (8 vagas)
  • Canindé para família (16 vagas)
  • Centros Esportivos Santana (15 vagas)
  • Joerg Bruder (15 vagas), em Santo Amaro