O que mais impressionou a estudante de psicologia Maria Alice Andrade quando os aplicativos de transporte chegaram ao Brasil foi a sensação de segurança. “Você podia compartilhar com outras pessoas o seu caminho, via a placa dos motoristas, tinha como mandar a foto pro seu pai, sua mãe, uma amiga”, diz Maria Alice, moradora do Recife. Ela ressalta: o serviço preenche lacunas da falta de integração entre os vários meios de transporte, fazer parte do trajeto no carro do app evita baldeações e ajuda a ganhar tempo.
“Agora é mais fácil se locomover, saber quanto vai dar a viagem, entender se compensa ou não e tomar decisões de um jeito melhor”, diz a publicitária Aida Polimeni. Mas estar no carro de um desconhecido é uma posição vulnerável. “Se existisse a possibilidade de escolher o gênero do motorista, a experiência poderia evoluir bastante para as mulheres.”
Desafio
Em determinadas áreas das cidades, porém, esse “novo” meio de transporte ainda não conseguiu ser tão transformador. A artesã Edicléia Santos mora em uma comunidade no bairro de Passarinho, zona norte do Recife, onde não tem serviços essenciais (saúde, educação, lazer, transporte). “Muitas vezes a gente demora bastante pra sair e à noite fica pior, porque os carros não querem entrar”, diz. “Em Passarinho, até para ficar doente tem que ter hora.”
A artista plástica Nathê Ferreira conta que quando vivia na Cohab 1 de Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana da capital pernambucana, chegou a ser deixada no meio do caminho por causa da distância ou das ladeiras. Em situações assim, os moradores improvisam as próprias soluções de comunicação e transporte para se locomover.