Boneca e panelinha são coisas de menina. Videogame e computador, de menino. 8 de março de 2022 e essa visão estereotipada ainda se reflete no dia a dia de muitas carreiras, escanteando mulheres — sobretudo as negras.
Criado em 2015 para confrontar o padrão básico de gênero e raça nas áreas de ciência, tecnologia e computação (em que predominam homens brancos), o Minas Programam ensina meninas e mulheres a programar, principalmente negras e indígenas, além de promover palestras, oficinas e grupos de estudo. “Percebíamos cursos a preços proibitivos e poucos espaços onde elas estivessem confortáveis”, conta a programadora Bárbara Paes, uma das três autoras do projeto junto de Fernanda Balbino e Ariane Cor. “‘Vamos fazer isso ser uma coisa fácil’, pensamos.”
Engajado na criação de um ambiente acolhedor e feminista, que leve em consideração a realidade das participantes, o trio convocou profissionais dispostas a compartilhar conhecimento. Começou a oferecer cursos em São Paulo, chegou ao Rio de Janeiro e, na pandemia, o modelo online se espalhou pelo País.
Um balanço dos primeiros cinco anos de atividade mostra que 60% das ex-alunas ingressaram no mercado de trabalho – algumas ensinam no projeto. Outro fenômeno importante é a influência das participantes na comunidade, porque elas estimulam amigas e familiares a trilhar o mesmo caminho.
Além da programação, outros temas são abordados, como a questão da desigualdade. “Anos atrás, a gente fez um grupo de estudos que discutia as relações das questões de gênero, raça e tecnologia”, conta Bárbara. “Foi muito importante pro projeto porque a gente pôde discutir mais a fundo as tecnologias digitais e o dia a dia de meninas mulheres negras.”