Neste Natal, Catálogo de Quebrada reúne produtos e serviços de favelas e periferias de São Paulo

Capa da edição de Natal do Catálogo de Quebrada, que reúne produtos e serviços de diversas periferias de São Paulo. Foto: divulgação
Julia Santiago, Embarque no Direito
14/12/2021 - Tempo de leitura: 2 minutos, 24 segundos

O Catálogo de Quebrada, um trabalho online, coletivo e voluntário, funciona como uma vitrine virtual para comerciantes de produtos e serviços das periferias. Foi idealizado em 2020 por Ju Dias, publicitária e moradora do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo. À época, início da pandemia, a intenção era apoiar mulheres que trabalhavam com ovos de Páscoa artesanais, mas o alcance foi maior. A agência de comunicação popular Bora Lá se articulou com outras redes e coletivos para a elaboração voluntária das listas de divulgação de comércios locais. No lançamento, houve a adesão de 16 negócios. A edição deste Natal é a sexta do projeto e foi precedida por diferentes datas, como Dia das Mães, Páscoa e Dia dos Pais.

O Catálogo é produzido e divulgado por grupos de trabalho voluntário formados por pessoas com diferentes habilidades, formações e históricos de vida. Atualmente, são dez integrantes. “É na coletividade que resistimos e nos alegramos vendo nosso sonho sendo moldado a tantas mãos ganhar o mundo”, diz.

Neste ano, a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) prevê que cerca de 124 milhões de consumidores vão às compras no fim do ano, sendo que quase 80% vão presentear, mesmo que seja uma lembrancinha. As vendas deste Natal devem aumentar quase 50% em comparação com 2020

Quem vende

A “vitrine” da quebrada divulga o trabalho de 80 empreendimentos de todas as regiões de São Paulo e em diferentes categorias, como moda e acessórios, casa e decoração, saúde, bem-estar e autocuidado, papelaria, presentes artesanais, além de alimentos e bebidas veganas e saudáveis.

O “Batuque na Cozinha”, comandado por Elaine Souza, 47, da zona leste, fornece produtos para eventos corporativos, festas de empresas, “café com afeto” para famílias, kits de festa e encomendas de bolos. “Independente de muitas ou poucas vendas, é empolgante e satisfatório ver esse movimento em rede, coletivo, sendo feito”, diz Elaine.

Vera Lúcia Santos, 51, está à frente do Ponto a Ponto, voltado à costura criativa. Ela só tem elogios à iniciativa, comandada por mulheres. “É uma criação feita por mulheres que estão desafiando as circunstâncias que existem para criar um material prático e acessível”, afirma.

CENÁRIO

No Brasil, 13,6 milhões de pessoas vivem em favelas e periferias. Os dados são do Instituto Locomotiva. Entre os mais afetados pela crise provocada pela pandemia estão as mulheres, responsáveis por quase metade das casas brasileiras. Os números mostram, ainda, que mais de 5,2 milhões dos moradores de favelas e periferias são mães, e mais de 92% dessas mulheres revelaram que tiveram ou terão dificuldade para comprar itens básicos de sobrevivência e garantir o sustento e alimentação de suas famílias.