Startup verde transforma lixo eletrônico em matéria-prima de novos produtos

Na MetaReciclagem, um eletrônico que não funciona mais é desmontado e suas partes ganham outras finalidades. Coolers de computador, por exemplo, viram ventiladores residenciais. Fotos: Isabelle Índia/Expresso na Perifa

10/03/2022 - Tempo de leitura: 1 minuto, 54 segundos

Criada em 2017 por José Sales Neto na comunidade Capadócia (extremo norte da cidade de São Paulo), a MetaReciclagem é uma reconhecida startup verde e de desenvolvimento tecnológico voltada para a transformação social.

Não se trata de restaurar computador para doar: um eletrônico que não funciona mais é desmontado e suas partes ganham outras finalidades. Coolers de computador, por exemplo, viram ventiladores residenciais. “De uma impressora antiga, a gente faz um kit para utilização em robótica educacional com mais de 20 aplicações para crianças do fundamental 1 ao ensino médio”, diz José.

Ao lado da pedagoga Karina do Carmo, diretora da MetaReciclagem, antes de criar o projeto José estudou reaproveitamento tecnológico e descarte de materiais eletrônicos. Ele conta que a maioria dos lixos eletrônicos obsoletos sai de grandes polos e vai parar nas periferias por falta de preparo do coletor. E que recicladores acabam mexendo para tirar cobre, ferro ou alumínio e isso é altamente poluente. Daí a importância de dar aos componentes um destino útil.

De acordo da ONU,  mais de 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico são produzidas todos os anos no mundo. “Isso é uma quantidade absurda e insustentável. A gente chama de lixo o que na verdade é uma matéria-prima riquíssima em tecnologia”, afirma José. “Se aplicarmos a metareciclagem de forma criativa, teremos democratização da tecnologia, o incentivo da economia circular e geração de renda”, completa.

Na pesquisa Resíduos Eletrônicos no Brasil (2021),  da gestora de logística reversa Green Eletron, o Brasil aparece na 5a posição entre os maiores geradores de lixo eletrônico no mundo

A estação de coleta e processamento da rede fica na Brasilândia e tem capacidade para tratar até cinco toneladas por mês de lixo eletrônico.

Na Escola Criativa da Comunidade Capadócia, mantida pelo projeto, as reciclagens são documentadas em fotos e catálogos para que sejam monitoradas até que a peça tenha sido efetivamente transformada. “Se uma impressora vira três motores, tudo é registrado e acompanhado para a destinação que a gente deu. E essa é a certeza, para quem descarta conosco, de que a utilização vai ser correta e potencializada com educação”, conta José.