Quando há aglomeração, como no transporte público, e em ambientes fechados de maior risco de contaminação, as PFF2 (no Brasil também chamadas de N95) são as mais indicadas. Com os cuidados necessários elas podem ser reutilizadas muitas vezes. E o custo não chega a ser muito alto. Em média, cada unidade é vendida a R$ 5 e sempre estão surgindo campanhas de doação pelo país, muitas articuladas por grupos citados nesta reportagem.
No Rio de Janeiro, pela rede social Twitter e nas ruas de Belford Roxo, o casal Adson Santos e Luisa Serrano promove a campanha Baixada da Máscara. Eles divulgam informações científicas sobre a importância de se proteger ainda mais. “Achamos que são muitos os motivos pra galera daqui ter reduzido o uso das máscaras, mas quanto mais pessoas falando e comentando, mais pessoas poderão estar protegidas. É um processo”, diz Adson, que tem também uma lojinha para vender o produto a preços mais acessíveis.
A população tem respondido de forma muito satisfatória sobre os riscos maiores nesta nova fase da pandemia, avalia Adson. Junto a outros grupos da Baixada, ele e Luisa criaram o Onde tem Máscara, com dicas e informações sobre onde comprar o produto e onde encontrar campanhas de distribuição gratuita da PFF2.
“Quem mora na Baixada Fluminense é completamente capaz de compreender tudo isso. E compreender como direito. Com o tempo, desejamos que as pessoas entendam a função do Estado como garantidor e que elas vejam itens como PFF2 como direito e briguem por isso”
Adson Santos, da campanha Baixada da Máscara
“Sempre tem gente com dúvida. A gente explica as diferenças entre as máscaras e como a PFF2 filtra as partículas, protege mais e pode ser reutilizada”, afirma Marcos Vinicius, profissional de TI que decidiu iniciar a campanha PFF2 para Todos, em Campo Grande, na Paraíba, depois ver vídeos do biólogo Átila Iamarino explicando sobre o uso da máscara mais eficiente e que ela podia ser encontrada por R$ 4 a R$ 6. “Eu vi que aqui [na época, em Campo Grande] não tinha por esse preço, era R$ 15 ou até R$ 25. Então decidi comprar o milheiro na internet com meu irmão e revender por um preço acessível, a R$ 5”, conta.
Atualmente, o PFF2 para Todos divulga informações confiáveis e mapeia lugares onde encontrar produtos a preços melhores. Os coordenadores avisam que o trabalho é voluntário e independente.
Todas as iniciativas citadas nesta reportagem, muito ativas nas ruas e nas redes sociais, oferecem informações importantes sobre máscaras, prevenção e campanhas solidárias, várias articuladas pelos próprios grupos. Acompanhe.
No final de 2020, o fotógrafo e músico Ralph Holzmann e a cientista social, antropóloga e doutoranda em saúde coletiva Beatriz Klimeck, sua namorada, criaram o perfil @qualmascara no Instagram.
Nas postagens, eles explicam as diferenças e a importância desse tipo de proteção – a conta viralizou e já tem mais de 235 mil seguidores. “Infelizmente, faltam informações sobre como funciona a filtragem do ar e porque a PFF2 é a mais adequada”, diz o fotógrafo, que vive na cidade de Resende, no Rio de Janeiro. “Se tivesse mais estratégia coletiva para falar que o vírus é transmitido pelo ar, onde fica por muito tempo, nós estaríamos em outro estágio da pandemia.
Agora, mais do que nunca, é hora de falar sobre melhorar as máscaras e melhorar as condições de ventilação das pessoas que estão expostas e não pararam de trabalhar desde o começo da pandemia”, avalia Holzmann.
Vídeo importante: “Por que usar PFF2?”, de Átila Iamarino e Instituto Serrapilheira
A transmissão do novo coronavírus se dá principalmente pela inalação de gotículas de saliva e secreções respiratórias suspensas no ar (aerossóis).
Em Recife, Pernambuco, a editora Cepe criou uma campanha para trocar livros por doações de materiais de higiene e máscaras PFF2 que são distribuídos na periferia da cidade.
Quem leva três máscaras até um dos pontos de troca da ação Livro Solidário volta para casa com um livro da editora. A ação vai até o dia 17 de julho.