O mercado brasileiro de caminhões está sendo marcado por grandes transformações em 2023. Uma das mais evidentes é a mudança da legislação de controle de emissões. Com isso, a partir de 1º de janeiro, só podem ser produzidos no País modelos com motores que atendam o Proconve P8, legislação equivalente à europeia Euro 6.
Juntamente com essas mudanças, que demandaram a adoção de sistemas mais complexos, sobretudo eletrônicos e ligados ao motor, os caminhões também ficaram mais equipados. Entre as novidades, o controle eletrônico de estabilidade, por exemplo, passou a ser obrigatório. Como resultado, os preços ficaram até 30% mais altos.
Assim, os potenciais compradores tiveram de fazer mais contas antes de decidir se iriam ou não fechar negócio. As altas taxas de juros e o aperto dos bancos e financeiras na liberação de crédito também prejudicaram o desempenho das vendas feitas por meio de financiamento.
Com o cenário desfavorável, muitos transportadores que precisavam renovar ou ampliar a frota optaram pelos caminhões com tecnologia Euro 5. As vendas desses modelos ficaram liberadas até março. De olho nesse prazo, as montadoras ampliaram a produção, no fim do ano passado, de veículos com motores antigos.
Assim, os emplacamentos de caminhões com motores Euro 6 só começaram a ganhar força no segundo trimestre deste ano. Portanto, a produção deste ano deverá ser menor que a registrada em 2022.
De janeiro a outubro de 2023, foram fabricados 82,2 mil caminhões no Brasil. Ou seja, houve redução de 37,8% na comparação com as 132,3 mil unidades feitas no mesmo período do ano passado.
Seja como for, com as novas tecnologias o mercado brasileiro de caminhões passou a contar com produtos mais modernos e eficientes. Segundo as fabricantes, os novos caminhões são, em média, de 5% a 8% mais econômicos que os anteriores.
Com isso, as emissões de poluentes também são muito menores. Obviamente, o impacto maior ocorre no segmento de caminhões pesados. Aliás, esse é o setor com maior representatividade nas vendas. Atualmente, os maiores compradores são companhias ligadas ao agronegócio e construção civil.
Outros benefícios estão ligados à maior oferta de itens de conforto e conveniência ao motorista. Sobretudo no caso de veículos utilizados em operações rodoviárias de longas distâncias, como o transporte de grãos das áreas de produção para os portos. Afinal, o agro é um dos mais importantes exportadores do País.
Da mesma forma, os caminhões atuais estão mais potentes. A evolução pode ser notada não apenas no segmento de pesados como também nos de uso misto e até mesmo urbano. A transformação pela qual o mercado vem passando abriu espaço maior também para sistemas de propulsão alternativos ao diesel, como motores a gás e elétricos. Estes focam o transporte urbano, sobretudo de entregas de última milha.
Durante 2023, o Estradão avaliou vários desses modelos, conversou com transportadores e frotistas, bem como com profissionais de outras empresas ligadas ao setor. Com isso, foi possível escolher os finalistas da Trilha Estradão do Prêmio BYD Mobilidade Estadão 2024, cujos detalhes você confere a seguir.
Além da escolha dos especialistas, o consumidor poderá participar da votação popular em quatro categorias do prêmio: Melhor Carro, Melhor Caminhão, Melhor Moto e Melhor Solução de Mobilidade.
Os grandes vencedores do ano serão conhecidos em 11 de dezembro, em evento que se realizará no Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo, com transmissão pelas redes sociais do Estadão e do portal Mobilidade.
Neste ano disputam nesta categoria de 3,5 t de PBT três competidores de peso. Começando pela Ford, o modelo da marca tem 10,7 m³ e capacidade de carga líquida de 1.222 kg. Ou seja, leva mais que a Mercedes-Benz Sprinter de entrada, que tem 7,5 m³ de capacidade volumétrica.
Entretanto, em carga líquida a Mercedes-Benz carrega mais. Ou seja, 1.360 kg. Porém, a Daily ainda é superior com capacidade de carga de 1.800 kg. Mas o ponto fraco do modelo são os itens de segurança que ainda não são oferecidos pela Iveco. Algo que Mercedes-Benz e Ford têm bem resolvido e vão além da força de lei.
Neste segmento, na hora da compra, o consumidor leva em conta a robustez do veículo. Afinal, por operar em diferentes condições de piso e peso, os veículos são mais sensíveis às trincas de chassi. Por essa razão, nossa escolha foi com base nos modelos que levam boa fama, não só pela construção técnica, mas pelos recursos que entregam.
O Iveco Daily lidera nesse segmento com 1.512 unidades faturadas até outubro. Na segunda colocação está o VW Delivery Express que faturou de janeiro a outubro 1.250 modelos. Em seguida está a marca da estrela Mercedes-Benz, com 1.145 modelos emplacados nesses dez meses.
Até o momento, os caminhões da geração Euro 5 ainda aparecem no topo do ranking de vendas, mas isso vai ocorrer até acabarem os estoques. Nesse sentido, o VW Delivery 9.180 já aparece como o quarto caminhão leve mais vendido. Seu antecessor está na segunda posição. O Mercedes-Benz Accelo 817 também da nova geração aparece na quinta colocação. E, apesar de o representante da JAC não ser o mais popular entre os leves, por estar na oitava posição das vendas, o modelo é o único modelo 100% elétrico a ocupar o ranking dos mais vendidos.
Na lista dos modelos médios o destaque vai para os caminhões mais vendidos. E é liderada pelo Volkswagen Delivery 11.180. O modelo tem mais de 46% de participação no segmento, com 3.597 unidades vendidas. Dessa forma, no ranking de vendas totais, é o segundo caminhão mais vendido. Perdendo apenas para o pesado FH que lidera absoluto. Na sequência, o Iveco Tector 11-190 está na segunda posição de vendas entre os médios com 1.013 emplacamentos entre janeiro e outubro. Com isso, o que se percebe é que lideram os modelos com mais capacidade de carga do segmento. Já que em terceira posição está o veterano Mercedes-Benz Accelo 1017.
Assim como ocorre na lista dos mais vendidos entre os leves, os semipesados em evidência nos emplacamentos ainda são os modelos Euro 5. Mas o Volvo VM 290 já fez sua estreia no ranking em boa posição. Isso porque desde o mês passado aparece quinta posição, com 1.337 unidades vendidas. Apenas neste mês, o caminhão sozinho faturou 252. Ou seja, o mais vendido da lista. Mas há outros finalistas com predicados para incomodar o líder, como o Volkswagen Constellation 26.320 e o Mercedes-Benz Atego 2433.
Esse é o segmento mais concorrido do mercado brasileiro. E o Volvo FH 540 lidera esse mercado. Mas compete com adversários de peso, como o Scania 560R que na versão Euro 6 chegou completamente renovado, com motor, caixa e eixos renovados. Outro caminhão que estreou no Brasil este ano e já conquistou o cliente é o Iveco S-Way 540. Apesar de a marca italiana não ter tradição entre caminhões pesados no País, seu novo produto está apto para disputar espaço e conquistar um bom lugar. Ganhou o motor Cursor 13 e a caixa ZF. Por isso, ficou mais econômico frente ao antecessor Hi-Way.
Caminhões elétricos pesados começam a chegar no mercado, mesmo que ainda em fase de testes. Como o caso do Volvo FM Eletric e o XCMG E7. Os dois competem por serem similares em capacidade técnica. Mas quando compara o Volvo com o XCMG o cavalo-mecânico da Volvo tem 5 t a menos de capacidade de carga por causa do eixo dianteiro. Ou seja, de 44 t. Por outro lado, o XCMG tem 49 t de capacidade de carga.