A Ecovias, empresa responsável pela Rodovia Imigrantes, entregou no último domingo (28 de julho) 5 km de ciclovia e uma passarela elevada na Rota Márcia Prado. A infraestrutura se estende do km 38 ao km 42,9 da pista Norte (sentido capital) na Imigrantes. Com essa obra a concessionária busca oferecer mais segurança aos ciclistas que fazem essa rota de cicloturismo entre São Paulo e Santos, criando uma forma segura de cruzar a pista.
De acordo com a empresa, “a infraestrutura atende a um antigo pedido da comunidade ciclística e possibilita que as bicicletas façam, nesse trecho rodoviário, de maneira segura e segregada dos demais veículos”.
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A nova ciclovia exigiu investimento de R$ 17,2 milhões por parte da Ecovias. “Para segurança de todos, a estrutura inclui barreiras de concreto em toda a extensão para separação do tráfego de veículos da circulação de bicicletas”, afirma.
O acesso à ciclovia é feito pela Estrada do Capivari, na altura do km 38 da Pista Norte da Rodovia dos Imigrantes. Os ciclistas que percorrem a Rota Márcia Prado devem subir uma escada de acesso para chegar ao local.
O trajeto construído pela Ecovias termina próxima ao Parque Estadual Serra do Mar. Aqueles interessados em seguir a rota turística devem continuar por dentro do parque rumo ao litoral.
Antes da inauguração da nova ciclovia, os ciclistas precisavam cruzar de um lado a outro da Rodovia dos Imigrantes para acessar o parque da Serra do Mar. A prática podia causar acidentes. Outra opção era pedalar mais para chegar a uma alça de acesso e usar uma ponte para fazer o retorno.
“A Rota Márcia Prado é um percurso de conexão entre a cidade de São Paulo e o litoral sul através do Parque Estadual da Serra do Mar, passando pela atual estradinha de manutenção da Imigrantes”, afirma Daniel Guth, mestre em Urbanismo e diretor executivo da Aliança Bike.
A rota tem cerca de 80 km de extensão em seu trajeto principal, do no Grajaú, na Zona Sul de São Paulo, até Santos. O percurso é urbano, ou seja, pavimentado na maior parte, e passa por municípios como São Paulo, São Bernardo, Cubatão, Santos e Guarujá.
O tempo que um ciclista leva para cumprir o trajeto varia de acordo com o ritmo de sua pedalada. No entanto, Guth estima que é possível fazer o percurso em cerca de 5 horas.
Segundo o diretor da Aliança Bike, essa é “uma rota em implantação. É evidente que você usar uma bicicleta hoje e descer para Santos fazendo o traçado da rota, mas ela está em processo de implantação desde 2009”.
Guth argumenta que a ciclovia construída pela Ecovias é apenas uma parte da infraestrutura necessária e que ainda precisa de ajustes. Por exemplo, trocar a escadaria de acesso por uma rampa e pavimentar um trecho de terra entre o Parque da Serra do Mar e o final da ciclovia.
Ao mesmo tempo, para que a Rota Márcia Prato fique completa, seria necessário incluir em todo seu percurso, “sinalização completa e fazer o tratamento viário em lugares além da Rodovia dos Imigrantes, além de obter apoio das prefeituras”.
“Não é só o traçado que define uma rota. Uma rota é definida pela informação desse traçado disponibilizada publicamente, pela sinalização completa, não apenas a direcional, que não está implementada, mas sinalização de conforto, de atenção e de atrativos”, ele explica.
A Rota Márcia Prado também apresenta problemas em alguns trechos. Por exemplo, entre São Paulo e São Bernardo, onde o ciclista tem que percorrer uma estrada de terra precária, ou em Cubatão, quando o viajante “é jogado para um um entroncamento de rodovias muito perigoso”.
Em resumo, o especialista afirma que “a ciclovia da Imigrantes foi um passo fundamental, mas foi apenas parte do projeto. A rota está em fase de implantação e ainda há outras demandas para que ela se consolide”.
De acordo com Guth, anteriomente a Ecovias colocava placas de sinalização afirmando que era proibido o trânsito de bicicletas na estrada. A prática está em dissonância com Código de Trânsito Brasileiro, que afirma que ciclistas podem circular no acostamento ou no bordo da faixa.
A nova ciclovia é um avanço. No entanto, para que a Rota Márcia Prado se consolide, seria necessário um esforço estadual. “A governança da Rota tem que ser pública, ela envolve vários municípios e um Parque Estadual, gerido pela Fundação Florestal”.