A alta nos preços dos combustíveis vem aumentando, novamente, o interesse de muitos usuários em converter o motor a combustão de seus automóveis a gás natural veicular (GNV), segmento que registra crescimento de 88,5% em 2021, segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).
A conversão traz algumas vantagens. O GNV proporciona economia – um veículo de entrada pode rodar até 12 km/m³ de gás –, funcionamento estável e baixo custo de manutenção. O problema é que o cilindro de gás ocupa muito espaço e alto custo de instalação, com valor médio de R$ 4 mil a R$ 5 mil.
“A conversão do motor para o uso do gás natural veicular exige colocação de novos componentes, como cilindro de armazenamento, redutor de pressão, manômetro, válvula de abastecimento, filtro, tubulação e injetores”, explica o engenheiro de mecânica automotiva, Marco Barreto, coordenador do curso de mecânica automotiva da FEI.
Ele diz que o GNV possui características diferentes dos outros combustíveis líquidos e, por essa razão, mudanças no sistema do controle do veículo são importantes para o funcionamento do motor, para evitar a perda de torque e potência.
“Como o GNV não propicia a lubrificação dos componentes, e possui temperatura final de combustão diferenciada, alguns cuidados com sistema de exaustão, lubrificante e velas devem ser observados”, diz o professor.
A primeira recomendação é verificar o estado geral do veículo, sobretudo do motor e do sistema de injeção. Um carro com problemas estruturais ou de segurança terá dificuldade na homologação da conversão. Problemas no motor ou no sistema de injeção vão dificultar o ajuste do equipamento de gás, podendo gerar falhas de funcionamento.
Para garantir uma conversão segura, faça uma revisão completa do sistema de ignição, uma vez que esse sistema é mais exigido no automóvel a gás. “Se não passar por manutenções periódicas, o veículo pode apresentar alguns problemas, como falha de ignição e estouro no coletor de admissão”, diz Barreto.
É preciso tomar muito cuidado ao escolher a oficina que fará a conversão. Ela deve ter certificação e contar com um engenheiro responsável pela instalação. O veículo convertido para GNV precisa ser aprovado na inspeção obrigatória para obtenção do Certificado de Segurança Veicular (CSV), emitido por organismos de certificação credenciados pelo Detran.
A conversão clandestina, com uso de equipamentos irregulares, e a execução do serviço por pessoas não habilitadas causam uma série de empecilhos ao usuário, como a impossibilidade de homologação do veículo e emissão do Certificado de Segurança Veicular. Ou seja, o motorista não consegue legalizar o carro.